Primeira-ministra tailandesa suspensa apresenta defesa perante Tribunal Constitucional
A primeira-ministra da Tailândia, Paetongtarn Shinawatra, que se encontra suspensa de funções devido à divulgação de um áudio no qual supostamente questionava o Exército, compareceu hoje perante o Tribunal Constitucional para apresentar a sua defesa.
Paetongtarn, que hoje completa 39 anos e assumiu o cargo há pouco mais de um ano, compareceu perante o tribunal, no norte de Banguecoque, para apresentar testemunho devido à divulgação de uma gravação de um telefonema em 18 de junho entre ela e o influente político cambojano Hun Sen, que publicou o áudio na rede social Facebook.
Durante a audiência de hoje, irá depor também o secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional, Chatchai Bangchuad.
No áudio de cerca de 17 minutos, a primeira-ministra referiu-se a Hun Sen como "tio", em sinal de respeito, e classificou como "opositor" o tenente-general Boonsin Phadklang, que dirige um comando militar tailandês, posicionado na fronteira com o Camboja.
Paetongtarn, que admitiu que a voz reproduzida no Facebook é a sua, pediu desculpa publicamente pelo áudio, e explicou que, com o que disse, tentava diminuir a tensão na fronteira entre os dois países, que havia aumentado desde o final de março, após um breve confronto entre os exércitos, no qual um soldado cambojano morreu.
O conteúdo do diálogo levou o segundo partido com maior representação na coligação governamental, o conservador Bhumjaithai, a abandonar o Executivo, e um grupo de senadores a solicitar ao Tribunal Constitucional que analisasse se a governante tinha cometido uma "falta ética grave" ao questionar o comando militar.
Em 01 de julho, os juízes do Tribunal Constitucional decidiram suspender temporariamente a primeira-ministra do exercício de funções enquanto analisavam o caso, que pode resultar na destituição, uma decisão que está prevista para sexta-feira da próxima semana.
Após semanas de tensão entre os dois países, em 24 de julho eclodiu um confronto armado entre os exércitos da Tailândia e do Camboja em vários pontos da fronteira, que durou cinco dias e custou a vida a, pelo menos, 44 pessoas.
A audiência de Paetongtarn ocorre um dia antes do seu pai, o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, comparecer perante outro tribunal em Banguecoque para conhecer a decisão de um caso em que é arguido por suposto crime de lesa-majestade, punível com até 15 anos de prisão.