Primeiro casamento gay do país terá cerimónia religiosa e festa para mais de 600 convidados

São Paulo, Brasil, 02 Abr (Lusa) - São Paulo será palco, no próximo dia 10, do primeiro casamento gay do Brasil, com direito a protocolo, lista de presentes, alianças e uma festa de arromba para mais de 600 convidados, entre eles políticos, empresários e artistas.

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"É um casamento extremamente tradicional, só não é mais tradicional porque não tem a noiva", disse hoje à Agência Lusa o jornalista televisivo Felipeh Campos, 34 anos.

Além de um contrato de parceria oficializando a união estável, Felipeh e o produtor de moda Rafael Scapucim, 26 anos, vão realizar uma cerimónia religiosa para abençoar o relacionamento.

O ritual de casamento orientado pelo candomblé, religião afro-brasileira, decorrerá ao som de atabaques e contará com um coral de baianas que entoará cânticos durante a celebração.

Os noivos entrarão juntos, descalços, como manda a tradição afro, e vestindo batas brancas de "richelieu".

No altar, Felipeh e Rafael trocarão alianças em ouro branco e amarelo.

A recepção do casamento será animada por uma banda e contará com centenas de convidados, entre eles figuras públicas, como a ministra brasileira do Turismo, Marta Suplicy, e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, contou Felipeh Campos.

O bolo de casamento, decorado com fitinhas do Senhor do Bonfim, padroeiro do estado da Baía, terá três andares e haverá bebibas exclusivas para a festa.

Frascos com rebuçados serão entregues como lembranças do enlace, simbolizando pílulas do amor.

Logo após o casamento, Felipeh e Rafael, que já se conhecem há cinco anos, farão uma lua-de-mel de uma semana em São Francisco, nos Estados Unidos.

Segundo Felipeh Campos, este casamento há dois anos e ambos estão muito animados com a cerimónia, que acabou por receber uma série de patrocínios pelo inusitado do acto.

A ideia surgiu a partir do casamento de Elton John e David Furnish, em Dezembro de 2005.

"Se o Elton John se casou em Londres, por que está a ser planeado há dois anos eu não poderia no Brasil? Afinal, o casamento é uma forma de apresentar a pessoa que você ama para a sociedade e vice-versa", salientou o repórter televisivo.

Na sua avaliação, ninguém tem que aceitar o que é diferente, mas no mínimo tem que respeitar.

"Eu acho que vamos abrir uma porta para muita gente. É possível haver uma vida entre iguais. E já estava na hora de alguém dar um pontapé inicial", declarou.

O Superior Tribunal de Justiça tem marcado a apreciação do primeiro caso envolvendo reconhecimento de união estável de pessoas do mesmo sexo, sob a óptica do Direito de Família, num caso de um agrónomo brasileiro e um professor canadiano que alegam viver juntos desde 1988 de forma contínua e pública.


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