Primeiro-ministro de Itália retira salário a ministros que sejam deputados

Enrico Letta anunciou que a primeira medida do seu executivo será suprimir os salários dos ministros que são igualmente parlamentares e recebem por isso vencimento. No seu primeiro discurso perante os deputados, o novo primeiro ministro de Itália justificou a medida "para dar o exemplo," sublinhando que, até agora, os ministros auferiam um salário "além do seu vencimento como eleitos."

RTP /
Enrico Letta, no vo primeiro ministro de Itália, ao lado na ministra dos Negócios Estrangeiros, Emma Bonino, no primeiro discurso perante a Câmara Baixa italiana Giuseppi Lami/EPA

No discurso de apresentação do seu programa na Câmara de Deputados, Letta deu a si próprio 18 meses para conseguir fazer reformas, admitindo que, em caso de fracasso, se demitirá.

"O único resultado possível é o sucesso," afirmou. "Dentro de 18 meses irei verificar se as reformas chegaram a bom porto. Se, pelo contrário, estagnarem, irei retirar as consequências," garantiu.

Outra medida anunciada como imediata é a suspensão do pagamento da segunda quota-parte anual do Imposto sobre a primeira residência, que procura aliviar a carga sobre a classe média italiana.

"A redução da pressão fiscal sem (agravar) o endividamento será um objetivo permanente deste governo," afirmou o novo primeiro-ministro de Itália.
Crescimento
"Ousemos fazer grandes coisas" apelou ainda Letta, um democrata-cristão de esquerda que, aos 46 anos, é um dos mais jovens dirigentes europeus.
 
Letta assumiu-se igualmente como mais uma voz na Europa  a defender que o crescimento da economia é agora o caminho, contra a austeridade alemã, já que a política única de austeridade está a matar "a Itália" e a lançar a União Europeia numa crise de legitimidade.

"A Itália irá morrer se só fizer a consolidação fiscal, as políticas de crescimento não podem esperar mais," afirmou o novo responsável do governo italiano, afirmando querer "usar palavras verdadeiras".

A situação económica do país continua "séria" após mais de uma década de estagnação, lembrou Letta, que promete cumprir os compromissos italianos mas espera em troca "uma maior margem de manobra" por parte da União Europeia, para que a Itália financie o relnçamento da sua economia.
Europa sem legitimidade
O novo primeiro ministro italiano considerou que as políticas de crescimento devem abranger a União Europeia e preconizando a necessidade, sublinhando que "a Europa está em crise de legitimidade e, no momento em que os cidadãos mais precisam dela, deve voltar a ser um motor de crescimento duradouro."

Na defesa da sua política mais orientada para o crescimento da economia, Enrico Letta, que se assume "europeu e europeísta", deverá visitar esta semana os líderes da Europa, em Bruxelas, Paris e Berlim.

O novo governo italiano tomou posse este domingo e esta segunda-feira enfrenta uma moção de confiança no Parlamento. O Partido Democratico (PD) de Letta tem a maioria na câmara baixa mas o novo primeiro ministro terá de negociar com o apoio de aliados no Senado.
PUB