Primeiro rover chinês deve aterrar ainda hoje em Marte

por Nuno Patrício - RTP
Foto: CNSA/DR

Chegou o dia mais desejado, mas também o mais preocupante para os elementos que controlam a missão Tianwen-1 a Marte. Depois de uma viagem de quase sete meses e uma órbita em redor do planeta vermelho desde o início de fevereiro, a agência espacial chinesa (CNSA) sente que estão reunidas todas as condições para fazer descer na superfície marciana o pequeno rover Zhurong.

Se a aterragem da cápsula for realizada com sucesso e se o pequeno rover sair intacto para a sua senda exploratória, a China será o segundo país da história a explorar a superfície marciana com um veículo espacial, sendo os americanos os primeiros, em 1997, com o pequeno rover Sojourner, na missão Mars Pathfinder.

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Um "Deus do Fogo" no planeta do "Deus da Guerra"

A China afirma-se pronta para tentar uma aterragem noutro planeta do sistema solar e a ambição é tão grande que na primeira tentativa quer colocar um pequeno veículo robótico a explorar Marte.

Depois do feito realizado na Lua, onde a agência espacial chinesa colocou dois pequenos rovers do outro lado do satélite natural da Terra, ambiciona ir mais longe e quer demonstrar que também faz parte das potências espaciais, conseguindo realizar operações tão complexas como os russos, europeus e americanos.

E esta sexta-feira os chineses querem escrever mais umas linhas na história da conquista espacial.

Desde 10 de fevereiro em órbita de Marte, a cápsula Tianwen-1, sob comando da Terra, esteve numa órbita elíptica decadente a analisar quais os melhores locais onde irá aterrar e depositar o rover de nome Zhurong. Um ‘Deus do Fogo’ existente na mitologia chinesa que vai explorar os terrenos áridos do mitológico romano ‘Deus da Guerra’.

A missão prioritária do Tianwen-1 é colocar o rover Zhurong funcional no solo, mas antes esteve a aproximar-se de Marte a cada 49 horas, registando imagens de alta resolução do local de pouso em Utopia Planitia. Uma vasta planície que se julga no passado ter albergado um antigo oceano marciano.
De acordo com as autoridades chinesas esta tentativa de pouso ocorreria em meados de maio.


Agora a informação da primeira tentativa foi “libertada” e uma reportagem publicada no Twitter, que citou Ye Peijian, da Associação Chinesa de Ciência e Tecnologia, dá conta de que esta sexta-feira, por volta das 23h11 UTC (00h11 Lisboa), será feita a primeira tentativa e dada ordem de aterragem ao Tianwen-1. Algo que vem confirmar rumores e estimativas apresentadas por radioastrónomos amadores que têm seguido o trajeto da sonda.

Caso esta primeira tentativa não reúna as condições necessárias, os cientistas da missão voltarão a ter mais duas janelas de oportunidade adicionais a 16 e a 18 de maio.

O rover Zhurong, com 240 quilos, é semelhante em tamanho aos rovers Spirit e Opportunity da NASA, que pousaram no planeta vermelho em 2004 e enviaram imagens e dados sobre as condições da superfície do planeta.

Agora o rover chinês vai fazer um pouco mais do que isso e espera-se que possa fazer descobertas tão importantes como a prova de existência de água e possíveis amostras de prova de vida no passado do planeta.


“Aterrar com segurança em Marte é um grande desafio, especialmente para a primeira tentativa de pouso suave da China”, diz Long Xiao, cientista planetário da Universidade de Geociências da China. “Mas é um passo necessário para a exploração de Marte e do espaço profundo.”

Antes, o pequeno rover ainda terá de enfrentar a descida vertiginosa (sete minutos de terror) na fina atmosfera marciana.

A Administração Espacial Nacional da China (CNSA) só pode confirmar se tudo correu como planeado 18 minutos após a aterragem, tempo que leva a chegar qualquer transmissão entre Marte e a Terra nos cerca de 320 milhões de quilómetros de distância que separam os dois planetas.

Descer com sucesso na superfície de Marte é um desafio extraordinário. Apenas a NASA pousou e operou espaçonaves com segurança na superfície marciana; em 1971, a sonda soviética Mars 3 transmitiu metade de uma foto antes de ficar em silêncio por cerca de 100 segundos na missão.
 
Ao pousar e colocar as rodas em Marte, a China espera dar um salto à frente de uma série de colegas viajantes e concorrentes espaciais.
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