Principal centro cultural de Washington (EUA) passa a ter nome de Trump
A principal sala de espetáculos de Washington foi rebatizada Trump Kennedy Center, por decisão do seu conselho de curadores, nomeado pelo Presidente norte-americano, anunciou a Casa Branca.
A decisão reconhece "o trabalho incrível realizado este ano pelo Presidente Trump para salvar o edifício", em termos "da sua reconstrução, mas também das suas finanças e da sua reputação", afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, nas redes sociais.
Donald Trump já tinha aludido publicamente por diversas vezes a uma mudança de nome do Kennedy Center, juntando o seu apelido ao do célebre Presidente democrata assassinado, John F. Kennedy (JFK).
Desde a sua tomada de posse em janeiro, Trump colocou apoiantes seus no controlo desta instituição cultural, sob pretexto de que havia sido tomado pela esquerda norte-americana.
Recentemente, o Presidente promoveu um evento de gala no centro, que pretende transformar num símbolo da sua abordagem à cultura, conservadora e "anti-woke".
A nova direção do Kennedy Center - complexo que inclui ópera, teatro e uma orquestra sinfónica - retirou da programação espetáculos de transformismo e eventos que celebravam a comunidade LGBT.
Em alternativa, ao longo dos últimos meses tem convidado oradores religiosos de direita e artistas cristãos.
Segundo a imprensa norte-americana, a venda de bilhetes caiu desde que Trump e os seus apoiantes assumiram o controlo do Kennedy Center.
Numa visita ao centro cultural em agosto, Trump anunciou "pretender reformar o Kennedy Center para que possa voltar a ser o principal local de artes cénicas de todo o país, e talvez do mundo inteiro".
"Acabámos com a política `woke` deste grande espaço para espetáculos", proclamou.
Este ano, a lista de premiados do centro inclui Sylvester Stallone, de 79 anos, ator famoso pelo seu papel de Rocky Balboa nos filmes "Rocky", simbolicamente designado como um dos "embaixadores" de Trump em Hollywood depois de ter classificado o septuagenário republicano de "segundo George Washington", em referência ao primeiro Presidente do país.
A lista inclui outros veteranos como Gloria Gaynor, de 81 anos, e George Strait, de 73, uma lenda da música country, género tradicionalmente apreciado pelos conservadores.
Entre os vencedores estão ainda a banda KISS, formada na década de 1970 em Nova Iorque - cidade natal do Presidente - e o ator britânico Michael Crawford, de 83 anos, conhecido pelo seu papel em "O Fantasma da Ópera".
Donald Trump afirma ser fã de musicais da Broadway.
No seu primeiro mandato, de 2017 a 2021, Trump não compareceu na cerimónia de entrega de prémios do Kennedy Center, após alguns artistas dizerem que não o queriam conhecer.
Uma lei apresentada no Congresso por alguns republicanos - "Tornar o Entretenimento Grande de Novo", numa referência ao movimento trumpista MAGA - propôs mesmo que a instituição fosse rebatizada com o nome de Donald e Melania Trump, a primeira-dama.
Desde a tomada republicana do Kennedy Center, vários artistas, incluindo a atriz Issa Rae, cancelaram as suas atuações.
A produtora do famoso musical "Hamilton", que explora a vida de um dos fundadores dos Estados Unidos, Alexander Hamilton, também anunciou o cancelamento das suas atuações de 2026.
Trump tomou também o controlo de vários museus importantes na capital, na sua `cruzada` conservadora contra o que chama "propaganda anti-americana" na arte, na investigação e na história.
Para garantir o seu "alinhamento" com a visão de Trump, a Casa Branca anunciou que planeia realizar uma revisão completa da Smithsonian Institution, a organização que gere os principais museus de Washington.
Em agosto, foi retirada de uma exposição sobre processos de impugnação presidenciais no país a referência a Trump - o único Presidente norte-americano a ser impugnado por duas vezes (2019 e 2021).
Também na capital norte-americana, o nome do bilionário de 79 anos foi recentemente colocado na fachada do Instituto da Paz, decisão tomada pelo Departamento de Estado.