Principal partido da oposição de Taiwan elege nova líder
O principal partido da oposição em Taiwan, os nacionalistas do Kuomingtang (KMT), escolheu uma antiga deputada como nova presidente, numa eleição marcada por alegações de interferência por parte da China.
Cheng Li-wun --- a única candidata na corrida que se posicionou como reformista --- derrotou no sábado, por larga margem, o ex-presidente da Câmara de Taipé, Hau Lung-bin, e outros quatro candidatos à liderança do partido pró-Pequim.
Numa conferência de imprensa após a vitória, Cheng disse que os nacionalistas iriam defender os princípios da igualdade, do respeito e dos benefícios mútuos na condução das relações externas.
"Não devemos deixar que Taiwan se torne um criador de problemas. Em segundo lugar, não devemos deixar que Taiwan seja sacrificada à geopolítica", disse ela, acrescentando que o KMT seria também um pacificador.
Na semana passada, Jaw Shaw-kong, apoiante de Hau Lung-bin, alegou que a China estava envolvida numa campanha organizada de interferência nas eleições, dando como exemplo a publicação nas redes soicais de vídeos a atacar Hau e a apoiar Cheng.
O chefe do Departamento de Segurança Nacional de Taiwan, Tsai Ming-yen, disse ter encontrado mais de mil vídeos a discutir a eleição na plataforma de vídeos curtos TikTok, detida pela empresa chinesa ByteDance.
Tsai mencionou ainda a existência de 23 contas a publicar conteúdo relacionado com a votação do KMT na plataforma de vídeos YouTube, sendo que mais de metade das contas foram registadas fora de Taiwan.
O dirigente não informou quais os candidatos que os vídeos apoiavam nem revelou se as contas foram registadas na China, onde o YouTube está bloqueado.
Cheng Li-wun rejeitou as alegações de influência da China no partido como "rótulos muito baratos", instando os políticos a devolverem a política da ilha à racionalidade.
Chen Binhua, porta-voz do Gabinete de Assuntos de Taiwan da China, afirmou na quarta-feira que a eleição era um assunto interno do KMT e que as opiniões de alguns internautas chinesa não representavam a posição do Governo.
O porta-voz do partido no poder, o Partido Democrático Progressista (DPP, na sigla em inglês), Wu Cheng, alertou que a interferência chinesa era óbvia e que o KMT deveria precaver-se cuidadosamente
Wu Cheng afirmando que o DPP esperava que a nova presidente dos nacionalistas desse prioridade à segurança de Taiwan em detrimento dos interesses partidários.
Os nacionalistas mantêm uma forte influência política em Taiwan, apesar de terem perdido três eleições presidenciais consecutivas para o DPP, que defende um afastamento da China.
O KMT detém lugares suficientes para formar um bloco maioritário com os aliados no parlamento.
O partido sobreviveu a duas eleições intercalares há poucos meses, convocadas face a preocupações com decisões parlamentares vistas como uma forma de diminuir o poder do Governo e favorecer a China.
Com tomada de posse prevista para novembro, Cheng Li-wun poderá influenciar a forma como Taiwan lida com a Pequim e outras políticas importantes e questões políticas nacionais e internacionais.
Cheng será também a líder do partido nas eleições locais de 2026. O KMT deverá ainda preparar um candidato que desafie o DPP do Presidente William Lai Ching-te na eleições presidenciais de 2028.
A China tem uma relação tensa com William Lai, a quem acusa de ser separatista.