Problema do Hamas não é a ideologia, mas as armas

O vice-primeiro-ministro israelita, Shimon Peres, afirmou numa entrevista ao diário francês Le Monde hoje publicada que o problema do grupo radical islâmico Hamas "não é tanto a sua ideologia, mas o facto de estar armado".

Agência LUSA /

Para o líder dos trabalhistas israelitas, se o Hamas ganhar as eleições legislativas, serão "sobretudo" os palestinianos quem sofrerá as consequências.

Para Peres, a luta armada do Movimento de Resistência Islâmico Hamas atrasou "dez ou 15 anos" o processo de paz israelo-palestiniano.

Advertindo os palestinianos de que, "se se introduzem as armas nas negociações, não haverá negociações", Shimon Peres considerou que a participação dos representantes do Hamas nas eleições de Janeiro de 2006 deve ser vetada.

Esta posição do vice-primeiro-ministro de Israel esteve na base das divergências no seu encontro, em Jerusalém, com Javier Solana, o representante da Política Externa da União Europeia, que visitou Israel e a Palestina no domingo e segunda-feira.

Segundo Solana, devem ser os palestinianos a decidir quem participa ou não nas suas eleições.

Em relação às difíceis negociações sobre o controlo dos postos fronteiriços da Faixa de Gaza, Peres reconhece "a importância da livre circulação para os palestinianos, sobretudo no plano económico", mas realça que Israel tem "de ter em conta o Hamas e a Jihad Islâmica - a ausência total de controlos de pessoas e bens traria problemas".

"É preciso encontrar uma forma de combinar estas duas exigências, mas as coisas estão a avançar", assinalou Peres, que acredita que "o essencial" deverá estar resolvido "até à partida do exército" da Faixa de Gaza.

Em relação ao porto, o "número dois" do Governo israelita explicou que os palestinianos podem começar as obras quando quiserem, mas, no que respeita ao aeroporto, o caso muda de figura, e a sua reabertura "será adiada".

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