Processo de restauração do Calypso do comandante Cousteau deu hoje primeiros passos
O Calypso, o célebre navio de exploração oceanográfica do comandante Jacques-Yves Cousteau, foi hoje transportado para um estaleiro em Concarneau (oeste de França) para dar início a um longo processo de restauração.
Segundo relatou um repórter fotográfico da agência noticiosa francesa AFP, a embarcação deixou um hangar neste porto francês, onde estava desde 2008 sem qualquer cuidado de preservação, e foi rebocado, dentro de uma estrutura metálica, até um dos cais do porto de Concarneau.
A viúva do explorador francês Jacques-Yves Cousteau, Francine, que preside a associação Equipa Cousteau, proprietária do navio, esteve presente para testemunhar o início dos trabalhos, bem como um grande grupo de curiosos.
Após os trabalhos de reforço da estrutura, o Calypso será colocado, em meados deste mês, num cargueiro para ser transportado para um local no Mediterrâneo para ser restaurado.
"Neste momento, não sei qual é o destino, nem o nome do local ou dos estaleiros que vão fazer a restauração", disse, em declarações à AFP, Francine Cousteau, que usava para a ocasião o gorro vermelho de Cousteau, outro elemento indissociável da imagem do explorador francês.
"É um momento muito emocionante para mim porque é um novo capítulo que se abre", afirmou a viúva, acrescentando que a reparação do Calypso "era uma vontade de Cousteau".
"Lutei por isto durante 20 anos", frisou.
Segundo a presidente da associação Equipa Cousteau, o processo de restauração do navio deverá prolongar-se pelo menos por dois anos.
Depois, o navio oceanográfico irá assumir novamente o papel de "embaixador dos oceanos".
"Terá um papel educativo, recebendo estudantes a bordo, mas também poderá certamente seguir os caminhos do comandante", disse ainda Francine Cousteau.
O Calypso, um antigo dragador construído em 1942 nos Estados Unidos, naufragou no porto de Singapura em 1996 -- um ano antes da morte de Cousteau - quando foi abalroado por uma barcaça.
O navio foi enviado para França e foi rebocado, apenas em 2007, para o porto de Concarneau, onde deveria ser restaurado. Os trabalhos de restauração sofreram vários atrasos e enfrentaram diversos obstáculos.
Um deles foi a disputa pela posse do navio entre Francine Cousteau, a segunda mulher de Cousteau, e os filhos do comandante.
Em 2009, um desentendimento entre os estaleiros e a associação Equipa Cousteau sobre a natureza e os valores monetários envolvidos na restauração determinou a interrupção dos trabalhos.
Em França chegou a ser lançada uma petição `online` a defender a classificação do navio como património nacional francês.