Procuradoria retira queixa contra "talibã australiano"
Sidney, Austrália, 24 jul (Lusa) -- A Procuradoria australiana retirou hoje um processo contra David Hicks, um ex-detido de Guantanamo, para evitar que lucrasse com a publicação das suas memórias num livro.
No livro, intitulado "My Journey" e publicado no início de 2011 pela Random House, David Hicks relata passagens da sua vida, o seu treino militar com os fundamentalistas islâmicos e assegura que foi torturado durante os mais de cinco anos que passou na prisão de Guantanamo desde que foi detido no Afeganistão em 2001.
Depois do anuncio da Procuradoria perante o Supremo Tribunal de Nova Gales do Sul, o juiz Peter Garling ordenou ao Estado australiano o pagamento de todas as despesas legais de Hicks, revelou a agência local AAP.
À saída do tribunal em Sidney, o denominado "talibã australiano" disse aos jornalistas que a decisão mostra que a Procuradoria "não tinha provas" de que havia cometido um crime e assegurou que o caso movido contra si tinha motivações políticas.
Em agosto de 2011, o Supremo Tribunalç congelou um fundo familiar com o dinheiro recebido por David Hicks após ter escrito o livro, à luz de uma lei que proíbe o lucro económico com atividades criminais.
As autoridades calculam que David Hicks tenha ganho cerca de 8.200 euros com a venda de 30.000 cópias das suas memórias.
Em março de 2007 um tribunal militar norte-americano declarou David Hicks culpado de apoiar o terrorismo e condenou o australiano a sete anos de prisão, meses antes deste ser entregue à Austrália, onde completou em dezembro a sua pena.