Prodi sem receio de perder maioria no Parlamento

O líder da União da esquerda italiana, Romano Prodi, afirmou novamente que não receia que a recontagem de votos das legislativas, reclamada pela coligação de direita, lhe faça perder a maioria do Parlamento.

Agência LUSA /

"Não tenho medo nenhum da inversão da situação, é uma vitória totalmente tranquila", disse Prodi à imprensa estrangeira em Roma.

Romano Prodi tinha já assegurado estar sereno e confiante da vitória, desde o primeiro anúncio, feito na segunda-feira à noite, pela direita de que pediria uma recontagem dos votos.

"É curioso que (o primeiro-ministro cessante e candidato da coligação de centro-direita, Silvio) Berlusconi levante tantas dúvidas quando é ele que controla o Ministério do Interior, controla todos os dados, tudo, tudo, tudo. Ele não tem confiança nele mesmo, está em plena crise de identidade", declarou.

Prodi rejeitou mais uma vez qualquer ideia de uma "grande coligação" "à alemã" com a direita de Berlusconi.

"A grande coligação não existe no programa da União da esquerda e, além disso, ela só ocorre quando não existe maioria", disse.

"Por que é que Nixon ou Schroeder, em 2002, fariam uma grande coligação quando detinham a maioria? São as regras da democracia", prosseguiu Prodi.

O ex-presidente da Comissão Europeia (1999-2004) não excluiu, no entanto, um acordo com a futura oposição, a direita de Berlusconi, sobre duas questões, a lei eleitoral e as reformas constitucionais.

"Apoio, como já tenho dito, a necessidade de procurar um acordo com a oposição sobre as reformas constitucionais e sobre a reforma da lei eleitoral", declarou Prodi.

A coligação de Prodi comprometeu-se a alterar, através de um referendo, as reformas constitucionais aprovadas pela maioria de Berlusconi, bem como a nova lei eleitoral, mas sempre afirmou que devido à importância de tais questões, procuraria chegar a acordo com a oposição.

Um dia depois da captura do chefe máximo da Cosa Nostra, Bernardo Provenzano, Prodi afirmou que fará da luta contra a máfia uma das "prioridades absolutas" do futuro Governo.

"A luta contra a máfia, que causou enormes danos a Itália, será uma das prioridades absolutas do nosso Governo", disse.

O crime organizado na península "é um dos elementos que tornam mais difíceis os investimentos estrangeiros em Itália", acrescentou.

A captura, terça-feira, do "fantasma de Corleone", o líder histórico da máfia siciliana, relegou para segundo plano durante algumas horas o resultado das eleições legislativas nacionais.

Prodi afirmou ainda que o executivo fará adoptar uma nova lei contra o conflito de interesses, mas que esta não será dirigida contra o actual primeiro-ministro, Silvio Berlusconi.

Essa nova lei não é "destinada a agravar as coisas para uma pessoa. A lei é igual para todos", declarou Prodi à imprensa estrangeira em Roma.

O ex-primeiro-ministro italiano (1996-1998) garantiu que o seu Governo adoptará "com serenidade" uma nova lei sobre os conflitos de interesses.

"Aplicaremos as leis e as regras que existem nos países europeus", indicou Prodi.

A oposição de esquerda acusava a maioria de direita de ter adoptado uma lei sobre o conflito de interesses que não resolveu o problema da confusão entre o empresário Berlusconi e o político Berlusconi.

PUB