Programa de transferência de renda evitou mais de 700 mil mortes no Brasil em 20 anos
O Programa de transferência de renda do Governo brasileiro Bolsa Família evitou mais de 700 mil mortes e 8 milhões de internamentos hospitalares entre 2004 e 2019, segundo um artigo publicado na revista científica britânica The Lancet Public Health.
No artigo são apresentados dados de um estudo coordenado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) em colaboração com o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Baía (Brasil), que combinou informações do mundo real com modelos de microsimulação preditiva para avaliar o impacto do programa social brasileiro nas últimas duas décadas e estimar os efeitos potenciais de sua expansão até 2030.
De acordo com os investigadores, se o programa Bolsa Família expandir a sua cobertura nos próximos cinco anos, outras 684 mil mortes adicionais podem ser evitadas no país sul-americano.
O Bolsa Família é um programa social do Governo brasileiro, que transfere dinheiro para famílias de baixo rendimento, geralmente com filhos em idade escolar, desde que atendam a requisitos específicos, como garantir que os seus filhos frequentam a escola e recebam as vacinas recomendadas.
O objetivo do programa é reduzir a pobreza no curto prazo e, ao mesmo tempo, quebrar o ciclo intergeracional da pobreza.
No estudo aponta-se que a alta cobertura do Bolsa Família no Brasil foi associada a uma redução significativa nas taxas de mortalidade e hospitalização em toda a população, com os maiores benefícios observados no que toca a mortalidade infantil --- especialmente em crianças menores de cinco anos, com uma redução de 33% --- e nas hospitalizações de pessoas com mais de 70 anos, que registaram uma queda de 48%.
Por outro lado, os benefícios do programa Bolsa Família foram maiores nos municípios com maior carga de doenças.
"O Programa Bolsa Família não só contribuiu para a redução da pobreza, como também reduziu as desigualdades territoriais em saúde", explicou Davide Rasella, investigador do ISGlobal e coordenador do estudo.
"Ao destacar esse impacto, reforçamos a importância de políticas públicas integradas que combinem proteção social com acesso a serviços essenciais", concluiu.