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Programa europeu de empréstimos de rearmamento pode ser "muito importante" para Ucrânia

por Joana Raposo Santos - RTP
Assim que o SAFE entrar em vigor, os Estados-membros têm seis meses para elaborar planos para os projetos de defesa que pretendem financiar. Foto: Anatolii Stepanov - Reuters

Os países da União Europeia aprovaram esta semana um programa de empréstimos de 150 mil milhões de euros para ajudar ao rearmamento. Para o comissário europeu da Defesa, Andrius Kubilius, este pode ser "um avanço muito importante" no apoio militar da UE à Ucrânia.

"Os Estados-Membros vão aceitar esses empréstimos (…) e vão utilizá-los para aquisições conjuntas com a Ucrânia e para as necessidades ucranianas", afirmou Kubilius esta sexta-feira, em entrevista ao Guardian.

O programa SAFE, proposto pela Comissão Europeia, foi aprovado na quarta-feira e prevê também uma maior flexibilidade nas regras orçamentais do bloco em relação ao plano de rearmamento de 800 mil milhões de euros elaborado após a decisão de Donald Trump de suspender toda a ajuda militar dos EUA à Ucrânia.Assim que o SAFE entrar oficialmente em vigor na próxima semana, os Estados-membros têm seis meses para elaborar planos para os projetos de defesa que pretendem financiar.

"Não podemos queixar-nos pelo facto de os 340 milhões de americanos não estarem prontos para defender 450 milhões de europeus contra 140 milhões de russos", disse Kubilius, que é também antigo primeiro-ministro da Lituânia.

"Podemos não gostar da linguagem e das mensagens, mas o que temos de evitar é aquilo a que chamo um divórcio zangado e caótico com os EUA. Precisamos de chegar a um acordo muito racional sobre a divisão de responsabilidades", defendeu.

O comissário europeu acredita também que os 27 Estados-membros vão escolher agravar as suas dívidas nacionais para gastarem os 800 mil milhões de euros que a Comissão atribuiu ao setor da Defesa.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, considerou igualmente que a adoção do programa SAFE é "um passo importante para uma Europa mais forte".

Até ao momento, 15 países, entre os quais a Alemanha e a Polónia, anunciaram a sua intenção de utilizar as flexibilidades previstas nas regras orçamentais da UE, mas várias economias grandes e altamente endividadas têm-se abstido, incluindo a França, a Itália e a Espanha.“Paz formal através da força”
De acordo com o Instituto Kiel para a Economia Mundial, ao longo de três anos de guerra a Europa forneceu a Kiev cerca de 62 mil milhões de euros em ajuda militar, enquanto os Estados Unidos contribuíram com um valor semelhante: 64 mil milhões.

No entanto, os Estados-membros enviaram 70 mil milhões de euros em ajuda humanitária e financeira, em comparação com 50 mil milhões de euros dos EUA.

Para substituir os fluxos de ajuda dos Estados Unidos, a Europa teria de gastar 0,21 por cento do PIB, quando atualmente esse valor se fixa em 0,1 por cento.

Esse acréscimo "não seria, obviamente, zero, mas também não é algo que destrua a nossa situação financeira", assegurou Andrius Kubilius.

O responsável europeu considerou ainda “uma ilusão” que o presidente russo, Vladimir Putin, queira a paz, defendendo por isso que “a única forma de alcançar uma paz justa é implementar uma paz formal através da força”.
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