Proibição da caça à raposa vigora a partir da meia-noite

A resistência da Câmara dos Lordes e muitas batalhas judiciais não lograram travar a lei contra a caça à raposa com cães na Inglaterra e País de Gales, que se impôs para vigorar a partir da meia-noite de hoje.

Agência LUSA /

Dezenas das 260 equipas nacionais constituídas para a prática deste desporto ancestral, com 6.000 a 8.000 empregados a tempo inteiro e capaz de mobilizar anualmente até 300.000 pessoas - no chamado "Boxing Day", a 26 de Dezembro -, aproveitaram hoje o dia para se exibirem na última caçada.

Em Hullavington (Wiltshire, sudoeste), cavaleiros e homens a pé juntaram-se sob chuva miudinha glacial em apoio da montaria do duque de Beauford, cujo responsável, Mike Hibbard, não só registou a "jornada triste para todo o país", como a inutilidade desta lei face ao "desaparecimento inexorável das raposas".

Importantes manifestações de entusiastas deste desporto secular, envolvendo cerca de 400.000 pessoas, 70.000 das quais cavaleiros, já estão marcadas para o próximo sábado, para protestar contra a lei resultante da promessa feita pelos trabalhistas e pelo seu líder, Tony Blair, em 1997.

A controversa lei acabou por ser aprovada pela Câmara dos Comuns a 18 de Novembro de 2004.

Para os defensores da medida, está em causa salvar todos os anos pelo menos 21.000 raposas, além de 160 cervos e 1.650 lebres também cobiçados pelos caçadores.

Contra ela estão os que, como Tim Bonner, porta-voz da associação Countryside, asseguram o empenhamento de 50.000 manifestantes, todos eles desportistas da caça à raposa com cães, dispostos a violar a lei mesmo sob o risco de detenção.

Da mesma associação, curiosamente presidida pela trabalhista baronesa Ann de Mallallieu, outros, menos radicais, como Richard Merrett, contentam-se com "continuar a sair para exercitar cavalos e cães treinados para matar raposas, mas que terão de se contentar com um engodo".

Segundo o jornal "Times", o príncipe Harry, neto de Isabel II, a princesa Ana (filha da rainha) e Camilla Parker-Bowles, noiva do príncipe Carlos, estarão entre os manifestantes.

Neste cenário, para as autoridades policiais a palavra de ordem é clara, "evitar qualquer excesso de zelo" porque, de acordo com um documento interno da Scotland Yard, "a lei institui um poder para detenção dos infractores, mas não um dever".

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