Projecto de TV lusófona adiado para Outubro

A criação da televisão lusófona (TV CPLP) só será discutida em Outubro, em Lisboa, depois de garantida a aposta no equilíbrio técnico dos operadores de televisão públicos dos "oito", disse à Agência Lusa fonte oficial.

Agência LUSA /

Segundo António Ilharco, da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), a decisão foi tomada na mesa redonda que hoje terminou em Lisboa e que juntou, no Palácio Foz, representantes da UNESCO e das televisões públicas de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné- Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Para já, segundo as conclusões da reunião, iniciada segunda- feira, os oito operadores públicos de televisão darão prioridade à formação e à aquisição de novos equipamentos, de forma a permitir "padrões elevados" quer técnicos quer de conteúdos, continuando, porém, a trabalhar na criação da futura TV CPLP.

Até Outubro, os operadores públicos de televisão dos "oito" vão, paralelamente, efectuar um levantamento das necessidades, bem como criar comissões para recuperar, conservar e manter os arquivos, para futura digitalização.

A este propósito, os participantes no encontro recomendaram também potenciar a re-utilização dos arquivos na produção de novos conteúdos, bem como a facilitação dos acervos existentes em cada uma das estações de televisão públicas da CPLP.

As recomendações estão contidas no documento final da mesa- redonda "Para uma Plataforma de Partilha de Conteúdos entre Operadores Públicos de Televisão dos Países da CPLP", iniciativa concretizada pela própria Comunidade, em parceria com a UNESCO.

"Urgente", defenderam os participantes, é a necessidade de se digitalizarem todos os processos em cada uma das televisões públicas dos "oito", desde os meios tecnológicos, à capacitação e formação dos profissionais e à identificação e catalogação de todo o material audiovisual arquivado.

Nesse sentido, foi destacado o contributo da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) na troca de conteúdos em Língua Portuguesa, devendo, agora, cada operador público criar um "ponto focal de contacto", para "optimizar as potencialidades da partilha" de informação.

Os participantes defenderam também a "utilidade" de se elaborar uma "lista de programas livres de direitos de transmissão" para utilização pelos diferentes operadores públicos dos "oito".

Além da RTP, participaram na mesa redonda as rádios e televisões de Cabo Verde (RTCV), Guiné-Bissau (RTGB) e Timor-Leste (RTTL), as televisões Pública de Angola (TPA), de Moçambique (TVM) e de São-Tomense (TVS) e ainda a Radiobras/TV Brasil.

Em declarações à Lusa, Simão Anguilaze, presidente da TVM, destacou a importância da reunião de Lisboa, sublinhando que, a partir de agora, estão abertas as portas para a circulação de programas de televisão dos países de Língua Portuguesa, ao mesmo tempo que "se lançou a semente" para a protecção dos arquivos.

"Foi um passo muito importante para as nossas televisões e um grande empurrão", afirmou Simão Anguilaze, ideias também partilhadas à Lusa pelo director-geral da RTGB, Eusébio Nunes, e pelo sub-director de Comunicação e Marketing da TPA, Pedro Ramalhoso.

"Esta parceria vem sistematizar e dar corpo a uma cooperação que, até agora, tem sido dispersa. Vem arrumar tudo. Nós, na TPA, temos os meios e daremos um grande passo com a inauguração do novo centro de produção, que não só produzirá conteúdos como dará formação a outros profissionais dos países africanos, sobretudo lusófonos", acrescentou Pedro Ramalhoso.

O responsável da TPA lembrou que já existem acordos da estação angolana com a sua congénere guineense, cooperação que, na medida do possível, vai ser extensiva à TVS e à TVM.

Por seu lado, Eusébio Nunes lembrou à Lusa as dificuldades existentes a todos os níveis na televisão pública guineense mas mostrou-se "optimista" quanto ao modelo definido em Lisboa, que garante para a RTGB acções de formação e de reequipamento da estação.

Todos desdramatizaram o adiamento do projecto da TV CPLP, sublinhando a importância de, primeiro, ser necessário "equilibrar" as diferentes componentes técnicas de cada uma das televisões dos "oito", que poderá contar, também, com o apoio da estação de televisão regional espanhola TV Galicia.

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