Projeto entre Cabo Verde e Portugal cria postos de atendimento e formação para imigrantes
Um projeto entre Cabo Verde e Portugal reforçou a integração de imigrantes no arquipélago, com a criação de postos de atendimento, promoção de formação profissional e reativação do Observatório das Migrações, anunciou hoje a Alta Autoridade para a Imigração.
O projeto, denominado "Coop4Int -- reforçar a integração de migrantes através da cooperação entre Portugal e Cabo Verde", teve como "prioridade melhorar a capacidade de acolhimento e integração de imigrantes no país. Neste sentido, foram criadas quatro unidades locais de atendimento nas ilhas do Sal, Boa Vista, São Vicente e Santa Catarina (ilha de Santiago), e mais dois postos na cidade da Praia", afirmou a presidente da Alta Autoridade para a Imigração (AAI), Carmem Barros.
A responsável, que falava no encerramento do projeto, referiu que também foi criada uma plataforma informática de suporte, um serviço de interpretação telefónica em seis línguas e ações de capacitação de serviços públicos em várias ilhas.
A AAI reforçou também as suas equipas com novos técnicos agora integrados no Orçamento do Estado, e cerca de 130 imigrantes tiveram acesso a formação profissional em diferentes concelhos.
A iniciativa permitiu reativar o Observatório das Migrações, que recolhe dados sobre imigração e emigração cabo-verdiana, e apoiar imigrantes na formalização de negócios.
"Constitui um ganho porque era uma estrutura que existia mas não funcionava e foi reativada a nível do projeto", apontou, acrescentando ainda que a instituição conseguiu reforçar a capacidade e se aproximou do público-alvo e das comunidades estrangeiras e imigrantes.
Durante o projeto, iniciado há três anos e meio, houve visitas de estudo entre instituições de Cabo Verde e de Portugal e foi identificada a regularização da situação legal como a principal preocupação dos imigrantes, seguida da escolaridade e da inserção no mercado de trabalho.
A maioria dos imigrantes em Cabo Verde vem da África Ocidental, sobretudo da Guiné-Bissau, Senegal, Nigéria e Guiné-Conacri, mas também há um número crescente de europeus, asiáticos e cidadãos das Américas.
Segundo a AAI, os principais desafios enfrentados por estas comunidades passam pela documentação, escolaridade e acesso ao trabalho.
A pensar na continuidade, está já em preparação uma segunda fase do projeto.
"Queremos consolidar os ganhos, reforçar o sistema de atendimento, manter o observatório e aprofundar o conhecimento sobre a realidade migratória", acrescentou Carmem Barros.
O ministro da Família, Inclusão e Desenvolvimento Social, Elísio Freire, afirmou que Cabo Verde tem o dever de bem acolher quem escolheu o país para viver, tal como exige tratamento digno para os seus emigrantes no estrangeiro.
O projeto foi implementado em parceria com a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), o Instituto Universitário de Lisboa (Iscte) e o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), com o apoio financeiro da União Europeia.
Em outubro de 2024, um estudo sobre a participação da imigração no mercado de trabalho, apresentado na Praia, baseado num inquérito a 902 pessoas, indicou que a maioria dos imigrantes em Cabo Verde faz uma avaliação positiva do país, mas os africanos têm piores condições.