Promessa israelita de combater seca é miragem, diz PR iraniano

O Presidente do Irão classificou hoje como "uma miragem" a promessa do primeiro-ministro israelita de ajudar o país a combater a escassez de eletricidade e água se os iranianos "se libertarem" da República Islâmica.

Lusa /

"O regime que privou o povo de Gaza de água e alimentos quer levar água ao povo iraniano? Que miragem!", retorquiu Massoud Pezeshkian na rede social X, um dia depois do discurso de Benjamin Netanyahu.

Como país árido, o Irão enfrenta regularmente períodos de seca e calor intenso no verão e, apesar dos significativos recursos de petróleo e gás, sofre uma escassez de energia devido às fracas infraestruturas e às sanções internacionais.

Numa mensagem vídeo, em inglês e legendada em persa, o primeiro-ministro israelita encorajou, na terça-feira, a população a assumir riscos e a protestar contra o regime, prometendo ajudar a combater a seca no Irão assim que "o país for livre".

"Encorajo-vos a serem corajosos e ousados, a ousarem sonhar. Assumam riscos pela liberdade. Pelo vosso futuro. Pela vossa família. Vale a pena. Vão às ruas. Exijam justiça. Exijam responsabilização. Protestem contra a tirania", disse Netanyahu.

O chefe do Governo israelita prometeu enviar especialistas em dessalinização e reciclagem de água para resolver a seca severa do Irão, assim que o país "for livre".

"No momento em que o Irão for livre, os maiores especialistas em água de Israel chegarão a todas as cidades iranianas trazendo tecnologia e conhecimento de ponta", indicou.

Netanyahu referiu ainda a guerra de 12 dias de Israel contra a República Islâmica em junho, terminado depois de os Estados Unidos terem bombardeado várias instalações nucleares iranianas.

"Os líderes [iranianos] obrigaram-nos a travar a guerra de 12 dias, e perderam miseravelmente", declarou.

Benjamin Netanyahu disse ainda que as autoridades iranianas "não vão durar muito" no poder.

A 13 de junho, o Governo israelita lançou um ataque contra território iraniano, partindo do princípio de que Teerão estava prestes a fabricar uma arma nuclear, uma alegação negada muitas vezes pelo Governo iraniano, que lançou um duro contra-ataque contra Israel.

Israel reconheceu ter sido atingido por mais de 50 ataques com mísseis iranianos, que causaram um total de 28 mortes.

No Irão, os ataques israelitas mataram pelo menos 627 civis e feriram cerca de 4.900, de acordo com um balanço oficial.

Os Estados Unidos acabaram por se juntar aos ataques israelitas, com bombardeamentos de instalações nucleares, antes de acabarem por mediar um cessar-fogo ao fim de 12 dias de conflito.

Antes da guerra com o Irão, em junho, Netanyahu já se tinha dirigido aos iranianos em vídeo, acusando o regime iraniano de levar o seu povo "para perto do abismo".

Também durante os ataques apelou para uma sublevação da população contra a República Islâmica, que nos últimos anos tem sido alvo de protestos nas ruas, reprimidos com violência e detenções em massa.

Tópicos
PUB