Publicitário de Lula admite que recebeu dinheiro de paraíso fiscal
O publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha eleitoral de Lula da Silva em 2002, admitiu quinta-feira que recebeu parte do pagamento do seu trabalho do "saco azul" do Partido dos Trabalhadores (PT), através de um paraíso fiscal.
Em depoimento à comissão que investiga o escândalo político que abala o Brasil, Duda Mendonça afirmou que recebeu cerca de 11 milhões de reais (3,8 milhões de euros) numa conta bancária nas Caraíbas.
"Eu fiz uma campanha completa, a gente tinha que receber. Ou eu recebia assim (no paraíso fiscal) ou tomava um cano (não recebia).
Tinha fornecedores a pagar e um nome a zelar", disse Duda Mendonça.
O publicitário reconheceu saber que o dinheiro recebido era de um "saco azul" do PT, de Lula da Silva, mas disse que não tinha outra opção.
Duda Mendonça revelou igualmente que o pagamento através de uma conta bancária num paraíso fiscal foi uma condição imposta pelo publicitário Marcos Valério, um dos principais envolvidos no chamado "esquema do mensalão".
"Eu posso ter cometido um equívoco, um lapso, um erro fiscal.
Mas não cometi um erro de honestidade, um erro de carácter", salientou o publicitário aos membros da comissão especial do Congresso.
A confissão de Duda Mendonça provocou uma grande crise em parlamentares do PT, que cobram uma explicação do presidente Lula da Silva para todas as denúncias de corrupção.
Um bloco de 15 deputados do PT divulgou um comunicado onde demonstram o seu "veemente repúdio ao criminoso esquema de financiamento de campanha progressivamente revelado após sucessivos depoimentos".
"Tais procedimentos afrontam a ética na política, traem a esperança de mais de 52 milhões de votos concedidos em 2002 e frustram a realização dos verdadeiros compromissos assumidos pelo PT em sua trajectória", refere o comunicado.
Após a confissão do publicitário Duda Mendonça, parlamentares de oposição a Lula da Silva afirmaram que as revelações colocam o presidente numa situação delicada.
"Depois das revelações, a alternativa do +impeachment+ tem que ser discutida, embora eu não a deseje com toda a sinceridade", disse o senador Álvaro Dias, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).
MAN.
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