Putin acusa Ucrânia de querer sabotar negociações de paz

O presidente russo veio esta quarta-feira a público acusar a Ucrânia de atos terroristas depois de ataques a infraestruturas russas durante o fim-de-semana. Vladimir Putin acredita que os ataques perpetrados pela Ucrânia pretendem sabotar as conversas que os dois países estão manter em Istambul.

RTP /
Vladimir Putin em reunião com os seus ministros Reuters

Numa reunião com o seu executivo e transmitido pelo canal público russo, Vladimir Putin acusou os ucranianos de quererem atrapalhar negociações.

“Todos os crimes cometidos contra civis, especialmente mulheres e crianças, antes de uma nova ronda de conversas para um cessar-fogo que propusemos em Istambul, visam perturbar o processo de negociação”, afirmou o presidente russo.

No último fim-de-semana, ataques ucranianos em cidades russas perto da fronteira levaram ao descarrilamento de um comboio. Sete pessoas morreram e mais de uma centena ficou ferida. Vladimir Putin acusou a Ucrânia de atos terroristas nas cidades de Kursk e Bryansk.

O presidente russo criticou a Ucrânia, questionando quem pode negociar com um país que “depende do terrorismo”, acusando o regime em vigor na Ucrânia de ilegítimo
, por não ter havido eleições em tempos de lei marcial, e por Zelensky manter-se no poder.

Vladimir Putin voltou a rejeitar a ideia de um cessar-fogo completo, alegando que apenas servirá para a Ucrânia voltar a rearmar-se. “Porquê recompensar a Ucrânia com uma trégua nos combates que será usada para fornecer ao regime armas ocidentais, continuar a mobilização forçada e preparar mais ataques terroristas?”.

“O atual regime de Kiev não precisa, de todo, de paz. O que há para conversar? Como podemos negociar com aqueles que dependem do terror?”

Sergei Lavrov, por sua vez, revelou que Kiev recusou uma proposta de trégua parcial, de apenas três dias, feita por Moscovo, o que considerou um grave erro.

"Penso que este é simplesmente um erro grave do regime de Kiev, nomeadamente a recusa categórica e grosseira de Zelensky em aceitar esta proposta”.

A pausa destinar-se-ia para a recuperação dos restos mortais de soldados mortos em combateZelensky acusa Rússia de fazer “ultimatos inaceitáveis”
Enquanto as hostilidades entre os dois países se perpetuam no tempo e as acusações sobem de tom, Volodymyr Zelensky afirmou que a Rússia está a fazer “ultimatos inaceitáveis” e que as condições para um cessar-fogo não são razoáveis, o que vai levar ao falhanço das conversações em Istambul.

Com Vladimir Putin a insistir nas acusações de terrorismo contra a Ucrânia, Zelensky pediu à organização das conversações na cidade turca para que Putin e Trump se juntem numa reunião, já que as negociações não estão a chegar a lado nenhum.

A Rússia continua a pedir a Kiev que retire as suas forças das regiões ucranianas que Moscovo ocupou e anexou, a admissão da Ucrânia em não se juntar à NATO no futuro e a redução do exército ucraniano. Perante esta lista, a Ucrânia afirma que não se trata de pedidos mas sim de ultimatos que a Rússia está a fazer.

Com vários problemas na linha da frente, Zelensky tem tentado apelar aos aliados europeus e aos Estados Unidos para que se chegue a um acordo de cessar-fogo com a Rússia.

Apesar dos poucos consensos, o presidente ucraniano anunciou que os dois países chegaram a acordo para a troca de 500 prisioneiros no próximo fim-de-semana, revelando que deverão ser incluídas pessoas com menos de 25 anos, feridos e prisioneiros gravemente doentes.

"Hoje, as nossas equipas realizaram consultas sobre a troca acordada. O lado russo informou-nos que está pronto para transferir 500 pessoas neste fim de semana, no sábado ou domingo, das cerca de mil que acordámos trocar, pelo que estaremos prontos para trocar a quantidade correspondente"Chefe de gabinete de Zelensky encontrou-se com Rubio
Andriy Yermak, chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky, anunciou no Telegram que recebeu o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio em Washington.

“Discutimos a situação na linha da frente e precisamos de tornar mais forte o apoio à Ucrânia na área da força aérea. Também partilhámos os nossos pontos de vista na reunião com os russos em Istambul, o continuar das negociações, a próxima troca de prisioneiros e a importância do regresso de todos os reféns e crianças raptados pela Rússia”.
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