Qatar insta Telavive e Hamas a usarem oportunidade para troca de reféns

O Qatar instou Israel e Hamas a aproveitarem a oportunidade oferecida pela sua mediação para garantir a libertação dos reféns, sublinhando que o agravamento da situação em Gaza está a dificultar os seus esforços.

Lusa /

A "deterioração" da situação em Gaza está a dificultar os esforços de mediação, advertiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Majed ben Mohammed al-Ansari, numa conferência de imprensa em Doha.

"Acreditamos que não há outra oportunidade para as duas partes que não seja esta mediação", acrescentou al-Ansari

O mesmo responsável disse esperar que a situação evolua para que se possa "ver uma réstia de esperança" para sair da "terrível crise" atual.

O Estado do Golfo tem estado empenhado em intensos esforços diplomáticos para tentar obter a libertação dos reféns, na sequência do ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel, há mais de um mês, que matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades israelitas.

Os bombardeamentos efetuados desde então por Israel na Faixa de Gaza causaram 11.240 mortos, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamita palestiniano Hamas, que refere um grande número de civis mortos, incluindo muitas crianças.

O `braço armado` do Hamas acusou hoje Israel de "prevaricar" nas negociações, através da mediação do Qatar, sobre a eventual libertação de dezenas de reféns.

"A mediação do Qatar esforçou-se por obter a libertação [dos reféns] em troca da libertação de 200 crianças e 75 mulheres palestinianas das prisões inimigas", declarou Abu Obeida, porta-voz das brigadas Ezzedine al-Qassam, numa gravação áudio difundida pelo Hamas.

"[Israel] exigiu a libertação de 100 [reféns] e nós informámos a mediação que poderíamos libertar os reféns se obtivéssemos cinco dias de tréguas -- ou seja, um cessar-fogo e a passagem de ajuda a todo o nosso povo em toda a Faixa de Gaza -- mas o inimigo está a adiar", frisou Abu Obeida.

Al-Ansari recusou-se a comentar os pormenores das negociações, mas disse que o Qatar continua "esperançado" em obter a libertação de mais reféns.

Na terça-feira, Ziad al-Nakhala, líder do movimento Jihad Islâmica, que também mantém reféns em Gaza, ameaçou abandonar as negociações.

"A forma como as negociações sobre os prisioneiros inimigos que mantemos são conduzidas e as respostas do inimigo podem levar a Jihad Islâmica a abandonar o acordo que está a ser divulgado na imprensa", afirmou.

"Assim sendo, vamos manter os prisioneiros que temos para obter melhores condições", ameaçou novamente.

O Qatar, que alberga a maior base militar norte-americana no Médio Oriente, é também a sede do gabinete político do Hamas e do líder do movimento islamita no exílio, Ismail Haniyeh.

Até à data, o Qatar utilizou os seus canais com o Hamas, com o apoio dos Estados Unidos, para facilitar a libertação de quatro dos mais de 240 reféns estimados.

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