Quase uma centena de pessoas foram hoje detidas durante uma manifestação convocada por uma organização judaica que ocupou a Trump Tower, em Nova Iorque, para protestar contra a detenção do estudante palestiniano da Universidade de Columbia, Mahmoud Khalil.
"O rapto de Mahmoud não tem nada a ver com a segurança dos judeus. A administração Trump acredita que pode sufocar a dissidência e retirar direitos constitucionais. Conhecemos esta estratégia. Recusamo-nos a permitir que raptem os nossos vizinhos em nosso nome", afirmou a organização Voz Judaica pela Paz na rede social X.
A polícia, que havia sido posicionada dentro e fora do edifício da Quinta Avenida, em Nova Iorque, antes do início do protesto, deteve 98 manifestantes.
Os detidos foram transportados pelos agentes da polícia para um autocarro da cidade, ao mesmo tempo que gritavam pela liberdade de Khalil e da Palestina.
"Como judeus, estamos a ocupar a Trump Tower para demonstrar a nossa rejeição em massa [da detenção de Khalil]. Não ficaremos de braços cruzados enquanto este regime fascista tenta criminalizar os palestinianos e todos aqueles que exigem o fim do genocídio do povo palestiniano perpetrado pelo Governo israelita e financiado pelos Estados Unidos. Nunca deixaremos de lutar por uma Palestina livre", frisou a organização.
Os manifestantes, muitos vestidos com camisolas vermelhas com a frase "Não em nosso nome", ocuparam hoje o átrio da Trump Tower, sede da empresa de Donald Trump e residência oficial do Presidente norte-americano até deixar Nova Iorque em 2019.
Os participantes empunhavam cartazes com várias mensagens, entre as quais "Libertem Mahmoud", "Parem a proibição muçulmana", "Palestina livre", "Nunca mais para ninguém" ou "Judeus pela liberdade palestiniana", e gritavam pela libertação do estudante da Universidade de Columbia.
No sábado, agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) detiveram Mahmoud Khalil, um estudante de pós-graduação da Universidade de Columbia, residente permanente nos Estados Unidos e casado com uma cidadã norte-americana, e informaram que o seu visto de estudante havia sido revogado.
Khalil, de 30 anos, foi depois transferido para um centro de detenção de imigrantes no estado de Luisiana, sem ser acusado.
Na segunda-feira, um juiz suspendeu temporariamente a deportação do estudante palestiniano, apesar da revogação da sua autorização de residência permanente.
O caso de Khalil representa a primeira tentativa de deportação conhecida publicamente sob a repressão prometida pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, contra estudantes que protestam contra a guerra na Faixa de Gaza.
O Presidente dos EUA sublinhou que a detenção de Khalil foi a primeira "de muitas que estão para vir" e prometeu nas redes sociais deportar os estudantes envolvidos em "atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas".
A Universidade de Columbia tornou-se o centro do movimento de protestos pró-palestinianos que varreu nos `campus` universitários dos Estados Unidos no ano passado, que resultou em mais de 2.000 detenções.
Khalil tem um mestrado pela escola de Relações Internacionais da Colúmbia. A sua mulher, que é cidadã norte-americana, está grávida de oito meses.
Nascido na Síria, o ativista é neto de refugiados palestinianos, referiram os seus advogados num processo judicial.
A Trump Tower atrai frequentemente manifestações, tanto contra como a favor do seu proprietário, mas os protestos no interior do edifício são menos comuns.