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Quase 7 milhões. Mortes por covid serão o dobro das estimativas oficiais

por RTP
Carlos Ortega - EPA

A pandemia terá feito 6,9 milhões de mortos por covid-19 em todo o mundo e não os 3,25 apontados pelos números oficiais. A conclusão é do Instituto de Métricas e Avaliações em Saúde Instituto de Métricas e Avaliações em Saúde da Universidade de Washington (Institute for Health Metrics and Evaluation) da Universidade de Washington, cujos modelos para avaliação da corrente situação são frequentemente utilizados pela Casa Branca.

Não é a primeira vez que ouvimos falar de uma supressão de mortes por covid aos números oficiais da pandemia. Desde razões mais básicas, como os interesses imediatos dos familiares, às impossibilidades técnicas de diagnosticar todos os infetados, são vários os cenários em que se torna praticamente impossível saber primeiro quem está doente, para posteriormente poder aduzir com rigor a razão de uma morte.

Esta incapacidade pode no entanto ser mais expressiva do que se suporia à partida, de acordo com os resultados de um estudo do Instituto de Métricas e Avaliações em Saúde da Universidade de Washington (Institute for Health Metrics and Evaluation - IHME). O IHME aponta um total de 6,9 milhões de mortes causadas pela covid-19, num momento em que a contabilidade oficial ronda os 3,25 milhões de vítimas por todo o mundo.

De acordo com a Universidade Johns Hopkins, os casos globais de infeção superam os 155 milhões, com pelo menos 3,25 milhões de vítimas mortais da doença.

Os números do IHME – quase sete milhões de mortos em cerca de 14 meses – revestem, portanto, a pandemia de SARS-COV-2 de uma letalidade substancialmente superior ao que já se supunha e conferem, de alguma forma, legitimidade às medidas que têm sido impostas a nível global, muitas das vezes contestadas e classificadas de alarmistas.Mortes que escapam ao sistema

Uma das principais razões para a alegada sub-contabilidade no balanço apresentado pelos números oficiais das mortes terá a ver com a ausência de registo de falecimento por covid fora dos hospitais ou outras instituições de saúde. O realatório do IHME sublinha que os números registados dizem respeito quase sempre a doentes hospitalizados ou com uma infeção confirmada, o que, desde logo, afasta desta contabilidade aqueles que não foram atendidos pelos serviços com registo oficial.

Já no Brasil, logo nos primeiros meses da pandemia, se estimava que os números estavam longe da realidade. Neste país, uma das razões tinha a ver com os seguros de saúde, que não contemplavam a covid. Os familiares optavam então por apontar outras razões como causa de falecimento dos seus mortos.

Outro fator determinante para a sub-avaliação da letalidade do novo coronavírus é o nível de testagem de que um país é capaz.

“Se não se testa intensivamente, mais provável se torna que escapem as mortes por covid”, sublinhou Christopher Murray, diretor do IHME, num encontro com jornalistas.A fórmula do IHME

Face a estas contingências, o instituto desenvolveu uma fórmula de cálculo que comparou o número esperado de mortes de toda a natureza tendo em conta a tendência pré-pandemia com o número atual em plena pandemia.

Numa depuração dos números, o relatório apenas inclui as mortes diretamente ligadas ao novo coronavírus, deixando de fora as mortes que advêm da disrupção dos serviços de saúde causada pela própria situação de pandemia. “Muitos países têm dedicado esforços excecionais para fazer uma contabilidade da pandemia, mas a nossa análise mostra como é difícil rastrear com precisão uma nova doença infecciosa que se propaga rapidamente”, admitiu Christopher Murray.

Por exemplo, nos Estados Unidos, a fórmula do instituto revelou que serão já mais de 905 mil as vítimas de covid, quando os números oficiais apontam para pouco mais de 575 mil mortes devido ao novo coronavírus.

Em Portugal, de acordo com os números oficiais desta quinta-feira, morreram já 16.988 pessoas devido à covid-19, num universo total de 838.475 infetados desde março de 2020.
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