Quénia despede-se do antigo PM e opositor Raila Odinga na cidade em que nasceu
O Quénia despediu-se hoje do antigo primeiro-ministro e opositor Raila Odinga, que morreu na quarta-feira aos 80 anos, num funeral realizado em Bondo, onde nasceu.
A cerimónia decorreu na Universidade de Ciência e Tecnologia Jaramogi Oginga Odinga, sob fortes medidas de segurança, após os episódios de violência registados ao longo da última semana, incluindo em homenagens públicas que causaram pelo menos cinco mortos e centenas de feridos.
O evento, liderado pelo Presidente do país, William Ruto, reuniu milhares de pessoas e contou com vários líderes políticos, delegações estrangeiras e personalidades como os antigos chefes de Estado do Quénia Uhuru Kenyatta e da Nigéria Olusegun Obasanjo.
"O Quénia está hoje inundado de lágrimas e dor. Os alicerces do Quénia tremem com a perda de um grande herói. Um homem forjado na luta, um homem a quem muitos se referiam como o presidente do povo, Raila Amolo Odinga", disse Ruto, na sua intervenção.
No final da cerimónia, que se prolongou por seis horas, o caixão de Odinga, coberto pela bandeira queniana, foi levado para a casa da família, local onde foi enterrado junto do pai, Jaramogi Oginga Odinga, o primeiro vice-presidente do país.
Antes, o antigo primeiro-ministro recebeu uma salva de 17 disparos e uma marcha fúnebre pelas Forças de Defesa do Quénia, em reconhecimento pelas décadas de serviço à democracia e união do país.
Antes de o caixão descer até à cova, centenas de apoiantes ultrapassaram o cordão de segurança estabelecido pelas forças quenianas e invadiram os terrenos da família de Odinga para prestar uma última homenagem.
A morte de Raila Odinga na quarta-feira, na Índia, provavelmente devido a uma paragem cardíaca, representa um abalo para os quenianos, especialmente para a sua comunidade luo, que o venerava como uma figura paternal, e deixa um vazio na oposição.
Muitas vezes chamado de "Baba", Odinga foi primeiro-ministro entre 2008 e 2013 e candidato às eleições presidenciais por cinco vezes, sempre sem sucesso.