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Quénia. Prisão preventiva para líder de culto que causou mais de 100 mortes
Paul McKenzie, de 50 anos, vai permanecer sob detenção até ser presente a juiz ma sexta-feira, determinou um tribunal queniano. Fundador da seita Igreja Internacional da Boa Nova, McKenzie é suspeito de convencer os seus seguidores a morrer por inanição.
Desde a semana passada, quase 110 corpos foram exumados de valas comuns pelas autoridades na floresta de Shakahola, e as buscas por outras vítimas prosseguem.
O Ministério da Administração Interna do Quénia afirma que mais de 400 pessoas estão desaparecidas na área.
A maioria das vítimas encontradas até agora aparenta ter morrido de fome. Grande parte dos 101 corpos encontrados em valas comuns pertenciam a crianças. Oito fiéis encontrados com vida morreram pouco depois apesar de hospitalizados.
McKenzie previu que o mundo ia acabar a 15 de abril e terá ordenado aos seus fiéis que morressem para serem os primeiros a ir para o céu e a encontrar-se com Jesus Cristo.
Paul McKenzie, detido pela polícia, tem mantido o silêncio e os seus dois advogados recusam qualquer comentário público. Um deles, Elisha Komora, revelou somente à Agência Reuters que o líder foi levado pela polícia até ao complexo em torno da sua igreja, entretanto encerrada, na área de Furunzi, perto de Malindi, enquanto se efetuavam buscas ordenadas pela judiciária.
Komora afirmou aos jornalistas que uma multidão irada cercou o complexo murado e protegido por arame farpado, atirando pedras e acabando por destruir parte da parede. A polícia disparou gás lacrimogénio para dispersar a turba.
Um investigador envolvido no caso afirmou à Agência Reuters sob anonimato que o líder negou ter ordenado aos seguidores para jejuarem até à morte.
Outras 17 pessoas estão acusadas de envolvimento nas mortes. Tal como McKenzie, foram inicialmente presentes a juiz na cidade turística de Malindi, a cerca de hora e meia de Shakahola, mas o caso foi transferido para um tribunal da cidade portuária de Mombasa.
O procurador-geral apelou ao tribunal para manter os acusados sob detenção durante 90 dias enquanto decorrem as investigações. Os procuradores ainda não pronunciaram quaisquer alegações relacionadas com as valas comuns.
McKenzie enfrenta para já uma série de acusações relacionadas com outros crimes desde 2017, incluindo negligência infantil e radicalização. Foi ilibado de algumas, com outras abandonadas sem qualquer justificação.
Segunda-feira, o diretor queniano dos serviços de Patologia revelou que 10 dos corpos já analisados pertenciam a um adulto e a nove crianças. A maioria apresentava sinais de inanição com duas crianças a mostrarem sinais de asfixia.