Ramos-Horta quer forças armadas a apostar na qualidade

por Lusa
Ramos-Horta defende a existência de umas Forças Armadas de qualidade Lukas Coch-Epa

O presidente timorense disse esta quinta-feira que as forças armadas devem promover a qualidade mais que a quantidade, para evitar a insustentabilidade da força, com aposta na cooperação regional e com países como Portugal.

"O orçamento deve ser canalizado para a formação especializada dos recursos humanos já existentes, para a manutenção e otimização dos recursos infraestruturais e materiais disponíveis, evitando a sua degradação e consequente desperdício", afirmou José Ramos-Horta.

"Timor-Leste deve reforçar o desenvolvimento de programas de cooperação técnico-militar com países amigos. Os nossos vizinhos imediatos, Austrália e Indonésia, são necessariamente parceiros privilegiados, prioritários. O Portugal distante tem sido um amigo sincero, leal e sem outros interesses que não o bem-estar de um povo ao qual ficou ligado desde as gloriosas epopeias de 1500. Vamos continuar a nutrir esta relação especial em todas as áreas, sem limites, sem constrangimentos", indicou.

José Ramos-Horta falava nas cerimónias, em Díli, do 22.º aniversário da criação das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), herdeiras das Falintil (Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste), braço armado da resistência à ocupação indonésia.

Sobre os mais de 33 milhões de dólares (29,9 milhões de euros), destinados no Orçamento Geral do Estado deste ano às F-FDTL, José Ramos-Horta disse que deve ser feito um investimento na "reorganização e profissionalização das F-FDTL, privilegiando a qualidade mais do que a quantidade".

"É indiscutivelmente preferível termos um exército de mil homens e mulheres motivados pela missão de servir, altamente treinados, bem remunerados, muito bem equipados, com elevada mobilidade e flexibilidade, beneficiando de incentivos irrecusáveis, do que termos cinco mil ou dez mil elementos mal pagos, mal treinados, mal equipados, sem orgulho e desmotivados", considerou.

A consolidação das forças passa igualmente por uma cultura de "preservação dos bens públicos" que, em Timor-Leste, "não são cuidados por quem os usa", apontando o exemplo do "uso abusivo de viaturas e combustível do Estado" e da falta de manutenção em edifícios e equipamentos, acrescentou.

Timor-Leste tem igualmente que reforçar o controlo dos recursos marítimos, com a definição de uma "estratégia nacional de desenvolvimento marítimo; e de uma estratégia nacional de segurança marítima, cabendo às F-FDTL um papel central na sua operacionalização", nomeadamente com uso de `drones` (aparelhos aéreos não tripulados), disse.

"Vamos modernizar as nossas Forças Armadas, assim como as Forças de Segurança, optando por número de efetivos operacionais reduzidos, de alta qualidade humana e operacional, beneficiando de equipamento profissional adequado", salientou. 

O chefe de Estado timorense referiu-se ainda ao Sistema Integrado de Segurança Nacional, criado em 2010, e pediu às forças para atuarem no cumprimento estrito das suas competências.

 

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