Mundo
Rápida expansão da "zona morta" no Golfo do México põe em risco a vida marinha
Um estudo da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) alerta para uma área, maior do que a média, de água pobre em oxigénio na região do Golfo do México. A chamada “zona morta”, inóspita para as espécies marinhas, ocupa agora uma área de cerca de 16.404 quilómetros quadrados. Na origem deste aumento está o escoamento de produtos químicos para os oceanos, mas estão também as alterações climáticas.
Os cientistas previam uma “zona morta” de menor escala este ano, estimando uma área dentro da média. No entanto, verificou-se o contrário: a área pobre em oxigénio no Golfo do México é agora cerca de três vezes superior à dimensão registada em 2020 e cobre 16.404 quilómetros quadrados, o equivalente à cidade de Pequim.
Toda esta área, que se estende desde o Texas até Louisiana, apresenta baixos níveis de oxigénio, sendo, por isso, inóspita para peixes e outras espécies marinhas. Daí ser conhecida por “zona morta”.
“A distribuição de baixos níveis de oxigénio dissolvido foi atípica este ano”, disse Nancy Rabalais, professora na Louisiana State University que liderou o estudo da NOAA. “As condições de baixo oxigénio estavam muito perto da costa, com muitas medições a mostrarem uma falta quase completa de oxigênio”, acrescentou.
Os cientistas e autoridades dos EUA colocaram como meta limitar a “zona morta” a uma área inferior a cinco mil quilómetros quadrados em 2035. Nos últimos cinco anos, a média da área desta zona de hipoxia (pobre em oxigénio) foi de 13.934 quilómetros quadrados, ou seja, 2,8 vezes superior à meta, o que demonstra uma tendência preocupante. Desde o início dos registos, em 1985, o ano em que a “zona morta” atingiu uma área recorde foi em 2017, quando media 22.729 quilómetros quadrados.
Para além da região do Golfo do México, na costa de Oregon, nos EUA, são também detetadas “zonas mortas” todos os anos.
Como surgem as “zonas mortas”?
As “zonas mortas” podem surgir naturalmente, mas os cientistas salientam o impacto cada vez maior da atividade humana.
No caso do Golfo do México, a segunda maior “zona morta” do mundo, os baixos níveis de oxigénio são provocados pelo escoamento de fertilizantes e produtos químicos de terras agrícolas para oceanos ou lagos, o que estimula o crescimento de algas. As algas, por sua vez, acabam por morrer e por se decompor no fundo do mar. Ao longo desse processo, as bactérias consumidoras de oxigénio, ao mesmo tempo que decompõem as algas, acabam por esgotar o oxigénio nessas águas, sufocando as espécies que aí vivem.
As espécies marinhas são, por isso, obrigadas a deslocar-se para outras áreas e estudos demonstram que a exposição a águas hipóxicas altera as dietas dos peixes, o seu crescimento e reprodução. As “zonas mortas” também tornam espécies comercialmente importantes, como o camarão, menos disponíveis no Golfo e estão na origem da morte de peixes e caranguejos na costa noroeste do Pacífico.
Impacto das alterações climáticas
Os cientistas alertam também para o impacto das alterações climáticas no aumento da área das chamadas “zonas mortas”.
“Este ano vimos, repetidas vezes, as consequências profundas que as alterações climáticas têm nas nossas comunidades – desde secas históricas no oeste a inundações”, disse Radhika Fox, da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla inglesa). “O clima está diretamente ligado à água, incluindo o fluxo de poluição por nutrientes no Golfo do México”, sublinhou.
No caso de Oregon, não existem dúvidas de que as alterações climáticas estão a ter um efeito direto no aumento da “zona morta”. Tal como explica The Guardian, as águas mais quentes retêm menos oxigénio do que as águas frias, o que estimula o crescimento de “zonas mortas”. Para além disso, à medida que mais dióxido de carbono é absorvido pelos oceanos, mais ácidas se tornam as águas, o que, por sua vez, torna mais difícil a sobrevivência de certas espécies marinhas.
"Devemos ter em consideração as alterações climáticas e fortalecer a nossa colaboração e parcerias para atingir o progresso necessário", apela Fox.
Toda esta área, que se estende desde o Texas até Louisiana, apresenta baixos níveis de oxigénio, sendo, por isso, inóspita para peixes e outras espécies marinhas. Daí ser conhecida por “zona morta”.
“A distribuição de baixos níveis de oxigénio dissolvido foi atípica este ano”, disse Nancy Rabalais, professora na Louisiana State University que liderou o estudo da NOAA. “As condições de baixo oxigénio estavam muito perto da costa, com muitas medições a mostrarem uma falta quase completa de oxigênio”, acrescentou.
Os cientistas e autoridades dos EUA colocaram como meta limitar a “zona morta” a uma área inferior a cinco mil quilómetros quadrados em 2035. Nos últimos cinco anos, a média da área desta zona de hipoxia (pobre em oxigénio) foi de 13.934 quilómetros quadrados, ou seja, 2,8 vezes superior à meta, o que demonstra uma tendência preocupante. Desde o início dos registos, em 1985, o ano em que a “zona morta” atingiu uma área recorde foi em 2017, quando media 22.729 quilómetros quadrados.
Para além da região do Golfo do México, na costa de Oregon, nos EUA, são também detetadas “zonas mortas” todos os anos.
Como surgem as “zonas mortas”?
As “zonas mortas” podem surgir naturalmente, mas os cientistas salientam o impacto cada vez maior da atividade humana.
No caso do Golfo do México, a segunda maior “zona morta” do mundo, os baixos níveis de oxigénio são provocados pelo escoamento de fertilizantes e produtos químicos de terras agrícolas para oceanos ou lagos, o que estimula o crescimento de algas. As algas, por sua vez, acabam por morrer e por se decompor no fundo do mar. Ao longo desse processo, as bactérias consumidoras de oxigénio, ao mesmo tempo que decompõem as algas, acabam por esgotar o oxigénio nessas águas, sufocando as espécies que aí vivem.
As espécies marinhas são, por isso, obrigadas a deslocar-se para outras áreas e estudos demonstram que a exposição a águas hipóxicas altera as dietas dos peixes, o seu crescimento e reprodução. As “zonas mortas” também tornam espécies comercialmente importantes, como o camarão, menos disponíveis no Golfo e estão na origem da morte de peixes e caranguejos na costa noroeste do Pacífico.
Impacto das alterações climáticas
Os cientistas alertam também para o impacto das alterações climáticas no aumento da área das chamadas “zonas mortas”.
“Este ano vimos, repetidas vezes, as consequências profundas que as alterações climáticas têm nas nossas comunidades – desde secas históricas no oeste a inundações”, disse Radhika Fox, da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla inglesa). “O clima está diretamente ligado à água, incluindo o fluxo de poluição por nutrientes no Golfo do México”, sublinhou.
No caso de Oregon, não existem dúvidas de que as alterações climáticas estão a ter um efeito direto no aumento da “zona morta”. Tal como explica The Guardian, as águas mais quentes retêm menos oxigénio do que as águas frias, o que estimula o crescimento de “zonas mortas”. Para além disso, à medida que mais dióxido de carbono é absorvido pelos oceanos, mais ácidas se tornam as águas, o que, por sua vez, torna mais difícil a sobrevivência de certas espécies marinhas.
"Devemos ter em consideração as alterações climáticas e fortalecer a nossa colaboração e parcerias para atingir o progresso necessário", apela Fox.