Reconstrução da Ucrânia. Portugal e o "reconhecimento do absurdo da guerra"

por RTP
Alessandro Della Valle - EPA

O ministro da Educação sustentou esta terça-feira que o apoio de Portugal à reconstrução da Ucrânia "não é um puro ato de solidariedade e cooperação". Trata-se do "reconhecimento do absurdo desta guerra, da crueldade dos ataques". João Costa está na Conferência de Recuperação promovida em Lugano, na Suíça.

"A vontade de Portugal de apoiar a reconstrução da Ucrânia não é um puro ato de solidariedade e cooperação. É o reconhecimento do absurdo desta guerra, da crueldade dos ataques perpetrados contra alvos civis, independentemente das convenções internacionais fundacionais", clamou o governante português.

A ajuda portuguesa passa pela reconstrução de escolas na região ucraniana de Jitomir, a cerca de 150 quilómetros de Kiev. Calcula-se que tenham ali sido destruídos perto de 70 estabelecimentos de ensino.A conferência de Lugano, que teve início segunda-feira, visa estabelecer um roteiro de intervenção para a recuperação da Ucrânia, sob invasão militar da Rússia desde 24 de fevereiro. Estão representados 36 países e organizações internacionais como o Banco Mundial, a Organização Mundial da Saúde e a União Europeia.


Em Lugano, o ministro da Educação quis recordar que "as escolas são os melhores lugares para construir a paz, para assegurar a civilidade e a democracia. A destruição das escolas são atos vis de poder contra as crianças, contra os seus sonhos. Atacar as escolas é atacar o núcleo da humanidade".

"Se a guerra é sempre injusta, este sentimento de falta de justiça é maior quando pensamos nas crianças. Nenhuma criança deve ser forçada a acordar com o barulho dos bombardeamentos, nenhuma criança deve ser empurrada para fora da sua cama para fugir, nenhuma criança deve sentir o medo de não saber se o seu pai estará vivo até ao fim do dia", enfatizou João Costa.

"Queira aceitar o nosso compromisso como expressão de solidariedade e, sobretudo, como meio de dizer às crianças ucranianas que Portugal não aceita o seu sofrimento e as suas perdas. Apostamos nelas para garantir que, através da educação, a guerra já não será uma solução para nada", acrescentou. Ao todo, a guerra na Ucrânia terá já destruído 1.200 escolas, de acordo com Kiev.

Até ao momento, Portugal atribuiu 46.181 proteções temporárias, das quais 28 por cento foram concedidas a menores - perto de 13 mil crianças. Os números são do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

As escolas portuguesas abriram as portas a alunos ucranianos. São agora cerca de 4.700 os estudantes inscritos no ensino português, segundo o ministro da Educação.

"Temos estado com um número muito estável no que foram as matrículas no final do terceiro período e já com a projeção com as matrículas para o primeiro período do próximo ano, com um número muito estável de 4.700 alunos", disse o responsável na segunda-feira, em declarações à agência Lusa.

c/ Lusa

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