A Jordânia admite suspender o acordo de paz com Israel, se o projeto de anexação da Cisjordânia avançar conforme anunciado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Este é um dos avisos mais dramáticos feitos até agora ao Governo israelita pela Jordânia, um dos dois únicos países do Médio Oriente. O outro é o Egito, que tem um acordo de paz com o Estado de Israel.
O monarca do reino hashemita, sublinha que a única saída para o conflito israelo-palestiniano é a solução dos dois Estados, Palestina e Israel.
É essa também a solução subscrita pela maioria da comunidade internacional e que os Estados Unidos, um dos mediadores do conflito, abandonaram com a administração de Donald Trump.
Os americanos apresentaram uma solução alternativa, a que Trump chamou o "Acordo do Século", prontamente rejeitada pela Autoridade Palestiniana e pela Liga Árabe, e contestada pela União Europeia.
Nesta entrevista a Der Spiegel, o rei Addullah, naquilo que pode ser entendido como uma alusão ao plano da administração de Donald Trump, diz que "os líderes que advogam a solução de um único Estado não percebem o que é que isso significa".
Rei de um país com uma expressiva população palestiniana, Addullah alerta ainda, nesta entrevista, para a possibilidade do colapso da Autoridade Palestiniana. "Haverá mais casos e extremismo na região, se Isarel de facto anexar a margem ocidental do Jordão", disse.
Addullah deixou claro que não pretende fazer ameaças, mas entende que a lei da força não pode ser aplicada no Médio Oriente.
O rei já tinha alertado para as consequências da decisão israelita em Setembro passado.
Aymand Safadi, o ministro dos Negócios Estrangeiros jordano, em contactos múltiplos com homólogos de vários países, divulgou desde aí a mesma mensagem.
A Jordânia tem vindo a pressionar a União Europeia, pedindo passos concretos para travar o plano de Benjamin Netanyahu, de anexar novos colonatos na Cisjordânia e o Vale do Jordão antes das eleições presidenciais americanas marcadas para Novembro.
Esta entrevista ao influente Der Spiegel, foi publicada horas antes da reunião de diplomatas da União Europeia sobre o assunto, dirigida por representante máximo da Política Externa Europeia, Josep Borrell.
Vários países europeus, com a França à cabeça, defendem ações de caráter punitivo para prevenir esta decisão de Israel já validada por Washington. O bloco Europeu é o maior parceiro comercial de Israel.