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Relatório. Daqui a uma década, 39% das tarefas domésticas poderão ser feitas por robots

por Joana Raposo Santos - RTP
Fazer compras é a atividade com maior potencial para ser automatizada nos próximos dez anos. Antonio Bronic - Reuters

Os avanços na inteligência artificial são cada vez mais notáveis em várias áreas. Segundo um relatório que contou com a participação de 65 especialistas deste setor no Reino Unido e Japão, dentro de uma década 39% das tarefas domésticas atualmente desempenhadas por humanos podem passar a ser responsabilidade de robots. Os especialistas avisam, porém, que esse maior automatismo pode resultar num "ataque generalizado à privacidade".

As conclusões surgem num relatório baseado num inquérito extenso e detalhado, no qual foi pedido aos 65 peritos em inteligência artificial que procurassem prever o impacto dos robots nas tarefas domésticas.

Fazer compras é a atividade com maior potencial para ser automatizada neste período de tempo, estimando-se que se possa reduzir em 60% o tempo atualmente despendido a comprar mantimentos.

Já tarefas como cuidar de crianças ou idosos dificilmente serão afetadas pela inteligência artificial.

Segundo o relatório, divulgado na revista científica Plos One, apenas 28% do trabalho dos cuidadores pode ser no futuro realizado por robots. Em causa estão tarefas como o ensino ou o acompanhamento das pessoas dependentes.

Os peritos avisam ainda que estas previsões acerca da capacidade da inteligência artificial na próxima década andam a ser feitas há já várias décadas e que, chegado o momento, nem sempre se confirmam.

É como a promessa de carros que conduzem totalmente sozinhos e podem até substituir táxis. Essa promessa existe há décadas, penso eu. E, no entanto, ainda não conseguimos fazer com que os robots funcionem na perfeição”, disse à BBC Ekaterina Hertog, professora na Universidade de Oxford.

“No caso dos carros, ainda não são autónomos o suficiente para conseguirem circular no ambiente imprevisível das nossas ruas. Com as casas, a situação é semelhante”.
Os prós e contras
Hertog apelou também a um debate público sobre a questão da privacidade numa era de tecnologia inteligente, “onde sistemas como a [assistente virtual] Alexa são capazes de ouvir e gravar o que estamos a fazer e enviar essas informações a outras entidades”.

Em declarações à BBC, esta especialista considerou que a sociedade deve estar atenta aos problemas associados a casas inteligentes. “Penso que, enquanto sociedade, ainda não estamos preparados para gerir esse ataque generalizado à privacidade”, explicou.

Além disso, o custo elevado deste tipo de tecnologias pode levar a que apenas os mais ricos tenham acesso às mesmas, levando a “um aumento da desigualdade no tempo livre”.

Há, no entanto, possíveis lados positivos na automatização de tarefas, entre os quais uma melhoria da igualdade de género, já que os trabalhos domésticos não renumerados continuam atualmente a pesar mais sobre as mulheres do que sobre os homens, afirmou Hertog.

No Reino Unido, por exemplo, as mulheres desempenham mais do dobro das tarefas domésticas em comparação com os homens. No Japão, os homens fazem menos de um quinto desses trabalhos.
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