Relatório Mueller. Resumo iliba Trump de conluio com russos, democratas querem ver todo o documento
Robert Mueller não encontrou provas que possam sustentar a tese de conluio entre a equipa de Donald Trump e elementos ligados ao Kremlin por alturas da corrida de 2016 para a Casa Branca. O Presidente foi igualmente ilibado das acusações de obstrução à Justiça. Conhecido o resumo de quatro páginas do relatório do procurador especial, libertado pelo recém-nomeado procurador-geral Bill Barr, Donald Trump usou esta bala de prata para o que pode ser um tiro fatal para os democratas, em Palm Beach, antes de entrar no avião de regresso a Washington.
“The Special Counsel did not find that the Trump Campaign, or anyone associated with it, conspired or coordinated with the Russian Government in these efforts, despite multiple offers from Russian-affiliated individuals to assist the Trump Campaign.”
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 25 de março de 2019
“Um ataque ilegal que falhou (An ilegal take-down that failed – numa referência a uma placagem no futebol americano) e espero que agora comecem a olhar para o outro lado [os democratas]”, foi desta forma que Trump resumiu o processo desencadeado em 2017, assim que tomou posse em Washington. Um processo que paralelamente levou a múltiplas demissões, substituições de procuradores e condenações mais ou menos graves dos colaboradores mais próximos, como foi o caso de Paul Manafort e Michael Cohen.
2 yrs of constant attacks, the largest hoax ever perpetrated on the American people, & what do we have?
— Donald Trump Jr. (@DonaldJTrumpJr) 25 de março de 2019
BOOMING economy. Lowest ever unemployment for Blacks, Hispanics, & Women. Rising wages.
Maybe Dems should cool it w the conspiracies & try working w @POTUS for ALL Americans
Sai Sessions, entra BarrI never thought I’d see the day where Democrats are visibly upset that the President of The United States DIDN’T collude with the Russians.
— Donald Trump Jr. (@DonaldJTrumpJr) 25 de março de 2019
Uma das últimas demissões a fazer as despesas do dia da Administração foi a do procurador-geral Jeff Sessions, que depois de tanto escolher parece ter deixado Trump insatisfeito. Para o lugar de Sessions entrou Bill Barr, perfeitamente a tempo para o encerramento da investigação de Robert Mueller. Nomeado pelo Presidente em fevereiro, a primeira decisão de Barr foi precisamente a de libertar – e em que medida – o Relatório Mueller.
Quatro páginas foi a decisão. Duas conclusões fatídicas para os democratas: não houve conluio e Donald Trump não obstruiu a Justiça. Caiu pela base toda a estratégia de um eventual impeachment do Presidente, fosse esse o desejo da oposição agora que a câmara dos representantes tem uma maioria democrata.
Resta aos democratas agarrarem-se à tese de que Barr é um recém-escolhido de Trump e que por detrás dessa escolha haverá um motivo e que o resumo não diz tudo, exigindo que seja revelado aos americanos o relatório na sua totalidade.
São agora réstias de esperança, itens perdidos em páginas que ninguém conhece que mantêm viva a esperança dos democratas. Pormenores, como por exemplo a disputa com Trump de que ele não foi completamente ilibado, já que a formulação de Bill Barr refere que, apesar de Robert Mueller não ter concluído que o presidente cometeu um crime, o relatório também “não vai ao ponto de o ilibar [a Trump]”.
Neste caso, refere o britânico The Guardian, fica em aberto a questão sobre se Trump obstruiu a justiça ao demitir o director do FBI James Comey. O mesmo acerca de uma explicação que fica aquém do rigor que se pedia a este nível do encontro de Donald Trump Jr com a advogada russa no quartel-general das operações do pai, então candidato à Casa Branca.
Entre acusações de que Barr não é imparcial, o líder democrata do Senado Chuck Schumer e a speaker da câmara dos representantes Nacy Pelosi emitiram um comunicado conjunto sublinhando mais o que ficou por dizer do que o que ficou dito no resumo de Bill Barr.
The American people deserve the truth. AG Barr must #ReleaseTheReport & allow the facts to be known! https://t.co/fQMUyuU22b
— Nancy Pelosi (@SpeakerPelosi) 24 de março de 2019
A carta de Barr “levanta tantas perguntas quanto as respostas que fornece. O facto de o relatório do procurador especial Mueller não exonerar o Presidente de uma acusação tão grave como a de obstrução à justiça demonstra o quão urgente é que o relatório completo e a documentação subjacente sejam tornadas públicas sem mais demora”. Este é para já o plano de recurso dos democratas, uma forma de ganharem tempo enquanto redefinem a estratégia em torno de Donald Trump, que se perfila agora como um forte candidato a permanecer na Casa Branca até meados da próxima década.