Resposta a lançamentos de Pyongyang. Seul dispara três mísseis

O exército da Coreia do Sul anunciou ter disparado, esta quarta-feira, três mísseis ar-terra, em resposta ao lançamento de pelo menos dez mísseis pelo Norte, incluindo um que caiu perto das águas territoriais sul-coreanas.

RTP /
Yonhap via Reuters

Os mísseis sul-coreanos caíram em águas perto da linha de fronteira que separa os dois países, "a uma distância correspondente à área onde o míssil norte-coreano caiu", disse o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.

O Estado-Maior indicou que caças F-15 e F-16 dispararam os mísseis para demonstrar que a Coreia do Sul está pronta a responder "de forma severa a qualquer provocação", segundo um comunicado.

Horas antes, o presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, tinha descrito o lançamento de um míssil balístico que caiu perto das águas do Sul como uma "provocação norte-coreana [que] é uma invasão territorial de facto".Foi a primeira vez que um míssil do Norte caiu "perto das águas territoriais sul-coreanas, a sul da linha de fronteira do Norte", desde que a península foi dividida, afirmou o diretor de operações do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul, Kang Shin-chul, aos jornalistas.

Os mísseis disparados pela Coreia do Norte constituem "a demonstração mais agressiva e ameaçadora [de força] contra o Sul desde 2010", disse o investigador do Instituto Sejong, com sede em Seul, Cheong Seong-chang. "Esta é uma situação perigosa e instável" que pode levar a confrontos armados, acrescentou.

A Coreia do Norte e os Estados Unidos estão atualmente a realizar o maior exercício aéreo conjunto de sempre, apelidado "Tempestade Vigilante", envolvendo centenas de aviões de guerra de ambos os exércitos.


O marechal da Coreia do Norte e secretário do Partido dos Trabalhadores (no poder), Pak Jong Chon, disse que os exercícios são agressivos, de acordo com a imprensa oficial norte-coreana.

"Se os Estados Unidos e a Coreia do Sul tentarem utilizar as forças armadas contra a República Popular Democrática da Coreia [nome oficial da Coreia do Norte], sem medo, os meios especiais das forças armadas da RPDC desempenharão a sua missão estratégica sem demora", disse Pak, de acordo com a agência oficial de notícias norte-coreana KCNA.

O marechal norte-coreano acrescentou: "Os EUA e a Coreia do Sul terão de enfrentar um caso terrível e pagar o preço mais horrível da história".Este é o 36.º disparo que a Coreia do Norte realiza este ano, um número recorde.

"Tanto quanto me lembro, a Coreia do Norte nunca fez tal provocação quando a Coreia do Sul e os Estados Unidos estavam a realizar manobras conjuntas", disse um professor da Universidade Ewa, em Seul.

"Pyongyang parece ter completado a sua mais forte [medida de] dissuasão. Esta é uma séria ameaça. O Norte também parece confiante nas suas capacidades nucleares", indicou.

No Japão, o primeiro-ministro, Fumio Kishida, afirmou aos jornalistas que queria "realizar uma reunião de segurança a nível nacional o mais rapidamente possível", devido ao "aumento das tensões na Península Coreana".
Coreia do Sul lança alerta na ilha de Ulleung
Seul ordenou esta quarta-feira aos habitantes da ilha de Ulleung, ao largo da costa oriental, que se recolhessem em abrigos, depois de a Coreia do Norte ter disparado um "míssil balístico não identificado".

Um alerta de ataque aéreo, difundido pelas autoridades na televisão sul-coreana, avisou os residentes da ilha para "se protegerem no abrigo subterrâneo mais próximo".

O míssil encontrava-se na direção da ilha, mas caiu em alto-mar, noticiou a agência sul-coreana Yonhap, que citou responsáveis da defesa.
As duas Coreias continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito de 1950-53 terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz.


O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul anunciou ter "detetado três mísseis balísticos de curto alcance lançados pela Coreia do Norte, a partir da área de Wonsan, na província de Gangwon, em direção ao mar de Leste [nome dado ao mar do Japão pelas duas Coreias], às 08h51 [23h51 em Lisboa] de hoje".

"Um dos mísseis caiu em alto-mar, ao sul da Linha Limite Norte, no mar de Leste", de acordo com um comunicado, que se referia à divisão que delimita as águas entre as duas Coreias.


Na mesma nota, o Estado-Maior Conjunto sul-coreano confirmou ter emitido um alerta antiaéreo para a ilha de Ulleung, devido a uma análise da trajetória do míssil, mas acrescentou que "os pormenores ainda estão a ser verificados".

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, na sequência destes disparos, indicou a Presidência.

c/ agências
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