Resposta aos submarinos norte-americanos. Moscovo pede "grande cautela" nas questões nucleares

O Kremlin apelou esta segunda-feira a uma "grande cautela" no que diz respeito a questões nucleares e desvalorizou as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que há dias disse ter destacado dois submarinos em território russo.

Joana Raposo Santos - RTP /
Foto: Pavel Bednyakov - Pool via Reuters

"É óbvio que os submarinos americanos estavam já em serviço. Trata-se de um processo em curso", afirmou o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, aos jornalistas, acrescentando que a Rússia não vê esta ação de Trump como uma escalada na tensão nuclear.

"Não queremos envolver-nos em tal controvérsia", acrescentou, apesar de alertar que "toda a gente deve ter grande cautela com o que diz sobre a questão nuclear"
"Não acreditamos que haja uma escalada neste momento. É evidente que estão a ser discutidos assuntos muito complexos e muito sensíveis que, é claro, são percecionados de forma muito emocional por muitas pessoas", vincou Peskov. "Numa guerra nuclear não há vencedores", defendeu o porta-voz do Kremlin.

Donald Trump anunciou na última sexta-feira que destacou dois submarinos nucleares norte-americanos em "zonas apropriadas" na sequência de "comentários provocatórios" do antigo presidente russo Dmitry Medvedev.

"Ordenei que dois submarinos nucleares fossem posicionados nas zonas apropriadas, para o caso de estas declarações idiotas e inflamatórias serem mais graves do que isso. As palavras são importantes e podem muitas vezes ter consequências inesperadas, espero que não seja esse o caso desta vez", escreveu o líder dos Estados Unidos na sua rede Truth Social.

Numa recente mensagem na rede social X, o antigo governante russo Medvedev afirmou que cada novo ultimato estabelecido por Trump para acabar com a guerra na Ucrânia "era uma ameaça e um passo para a guerra" com os EUA.“Diferentes pontos de vista”
Nas declarações desta segunda-feira, Dmitry Peskov recusou-se a responder se o Kremlin pediu a Medvedev que moderasse o tom na sua discussão com Donald Trump.

"Em todos os países, membros da liderança têm diferentes pontos de vista e diferentes atitudes sobre as situações. Nos Estados Unidos e nos países europeus há pessoas muito, muito obstinadas, por isso isto é sempre assim", considerou.

"Mas o que importa é, evidentemente, a posição do presidente Vladimir Putin. No nosso país a política externa é formulada pelo chefe de Estado, ou seja, o presidente Putin".

As declarações chegam numa altura em que a tensão entre Estados Unidos e Rússia aparenta aumentar, com Washington a pressionar Moscovo para pôr fim à guerra na Ucrânia. Na última terça-feira, Trump lançou um ultimato de dez dias a Putin para chegar a um acordo de paz com Kiev.

Entretanto, o enviado de Donald Trump, Steve Witkoff, é esperado na Rússia esta semana para uma visita que o Kremlin classificou como "importante e útil".

"Estamos sempre satisfeitos por ver o senhor Witkoff em Moscovo e estamos sempre satisfeitos por estar em contacto com ele", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acrescentando que um encontro com Putin "não está fora de questão".

c/ agências
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