Mundo
Restrições da Administração Trump também fecham fronteiras a judeus
Os judeus também estão a ser afectados pela ordem executiva assinada na última sexta-feira pelo presidente Donald Trump que fecha as fronteiras americanas a refugiados e cidadãos de sete países muçulmanos. A denúncia partiu da HIAS, agência reconhecida há décadas pelo Departamento de Estado que trata dos processos que visam obter asilo nos Estados Unidos.
Os cidadãos israelitas estão espalhados por vários países, sucedendo que uma comunidade considerável se encontra no Irão, denominados de judeus persas. Sendo o Irão – juntamente com o Iraque, Iémen, Sudão, Líbia, Somália e Síria – um dos países afectados pela restrição de fronteiras de Trump, muitos dos judeus da comunidade persa que procuravam entrar nos Estados Unidos vêem-se agora impedidos de o fazer.
A Sociedade para o Auxílio da Imigração Judaica foi criada em 1881 com vista a ajudar à fuga de judeus visados pelos pogrom na Rússia e Leste da Europa. Conta actualmente com centenas de funcionários a trabalhar a partir de mais de 30 países.“A ordem [de Trump] está a afectar centenas dos nossos clientes, para quem isto pode significar a diferença entre a vida e a morte”, assinalou Mark Hetfield, CEO do HIAS (acrónimo para Hebrew Immigrant Aid Society – Sociedade para o Auxílio da Imigração Judaica).
A HIAS é apenas mais uma de muitas organizações e empresas que estão a chocar de frente com o presidente norte-americano, depois dos protestos dos taxistas no aeroporto JFK, em Nova Iorque, da própria Goldman Sachs e muitas das tecnológicas de Silicon Valley, Apple, Facebook, Microsoft ou Google.
Hetfield cita o exemplo de um judeu iraniano na casa dos 20 anos e da sua mãe de meia-idade, que procuram há ano e meio concluir o processo de asilo nos Estados Unidos para se juntarem com o resto da família, já a viver em território norte-americano.
De acordo com os números disponíveis, de um total anual que costuma rondar os 4000 casos (a maior parte relativos a não-judeus), em 2016 a HIAS trabalhou em 159 processos de asilo, entre os quais se contavam 89 iranianos e um número considerável de judeus oriundos do Iémen.
Comunidade judaica adverte contra testes religiosos
Entretanto, as organizações que representam as três maiores tendências de judeus americanos – ortodoxos, conservadores e reformistas – emitiram comunicados avisando Donald Trump contra qualquer tentativa da Administração de institucionalizar testes religiosos à chegada aos aeroportos.
Em causa está uma das cláusulas da ordem executiva de sexta-feira que – retomada a abertura da fronteira – “dá prioridade às reivindicações de refugiados feitas com base no argumento de que são alvo de perseguição religiosa, desde que a religião desses indivíduos seja uma religião de minoria no seu país”.
Muito criticada entre conservadores e democratas, esta alínea, tomada como a implementação de testes religiosos para refugiados e imigrantes – visando uma proibição de muçulmanos e prioridade a cristãos, na boca dos mais críticos – mereceu forte reacção da comunidade judaica norte-americana.
As três organizações já avisaram Trump contra o perigo de misturar a protecção da nação com a violação dos mais básicos valores americanos.
“O movimento reformista denuncia veementemente esta horrível ordem executiva sobre a imigração e os refugiados”, escreve a União para o Judaísmo Reformista, a Conferência Central de Rabinos Americanos e o Centro para o Judaísmo Reformista num comunicado conjunto. "Nos dias, semanas e anos que se seguem, vamos trabalhar com nosso clero, líderes leigos, instituições e congregações para prestar assistência e apoio aos imigrantes, refugiados, requerentes de asilo e outros que procurem refúgio e oportunidade de uma vida melhor que nós sabemos que os Estados Unidos, no seu melhor, podem fornecer”, pode ler-se na declaração dos reformistas.
Também os conservadores deixaram uma nota condenando estes pressupostos contidos na ordem executiva: o governo deve “rejeitar propostas de políticas que interrompam, limitem ou restrinjam a instalação de refugiados nos Estados Unidos ou que deem prioridade a uns refugiados sobre outros (…) Mais importante, o movimento conservador rejeita por completo que essas pessoas sejam visadas com base na sua religião (…) Como judeus, vemos essa possibilidade como uma afronta aos nossos valores fundamentais”.
A União Ortodoxa fez eco destas preocupações numa declaração este domingo: "Instamos todos os americanos para que reafirmem que a discriminação contra qualquer grupo com base na sua religião é errada e constitui um anátema para as grandes tradições de liberdade religiosa e individual sobre as quais este país foi fundado (…) Exortamos o governo dos Estados Unidos a reconhecer as ameaças colocadas por radicais islâmicos, mas ao mesmo tempo que preserve e proteja os direitos de todas as pessoas que buscam a paz, independentemente da forma como adoram a Deus”.
A Sociedade para o Auxílio da Imigração Judaica foi criada em 1881 com vista a ajudar à fuga de judeus visados pelos pogrom na Rússia e Leste da Europa. Conta actualmente com centenas de funcionários a trabalhar a partir de mais de 30 países.“A ordem [de Trump] está a afectar centenas dos nossos clientes, para quem isto pode significar a diferença entre a vida e a morte”, assinalou Mark Hetfield, CEO do HIAS (acrónimo para Hebrew Immigrant Aid Society – Sociedade para o Auxílio da Imigração Judaica).
A HIAS é apenas mais uma de muitas organizações e empresas que estão a chocar de frente com o presidente norte-americano, depois dos protestos dos taxistas no aeroporto JFK, em Nova Iorque, da própria Goldman Sachs e muitas das tecnológicas de Silicon Valley, Apple, Facebook, Microsoft ou Google.
Hetfield cita o exemplo de um judeu iraniano na casa dos 20 anos e da sua mãe de meia-idade, que procuram há ano e meio concluir o processo de asilo nos Estados Unidos para se juntarem com o resto da família, já a viver em território norte-americano.
De acordo com os números disponíveis, de um total anual que costuma rondar os 4000 casos (a maior parte relativos a não-judeus), em 2016 a HIAS trabalhou em 159 processos de asilo, entre os quais se contavam 89 iranianos e um número considerável de judeus oriundos do Iémen.
Comunidade judaica adverte contra testes religiosos
Entretanto, as organizações que representam as três maiores tendências de judeus americanos – ortodoxos, conservadores e reformistas – emitiram comunicados avisando Donald Trump contra qualquer tentativa da Administração de institucionalizar testes religiosos à chegada aos aeroportos.
Em causa está uma das cláusulas da ordem executiva de sexta-feira que – retomada a abertura da fronteira – “dá prioridade às reivindicações de refugiados feitas com base no argumento de que são alvo de perseguição religiosa, desde que a religião desses indivíduos seja uma religião de minoria no seu país”.
Muito criticada entre conservadores e democratas, esta alínea, tomada como a implementação de testes religiosos para refugiados e imigrantes – visando uma proibição de muçulmanos e prioridade a cristãos, na boca dos mais críticos – mereceu forte reacção da comunidade judaica norte-americana.
As três organizações já avisaram Trump contra o perigo de misturar a protecção da nação com a violação dos mais básicos valores americanos.
“O movimento reformista denuncia veementemente esta horrível ordem executiva sobre a imigração e os refugiados”, escreve a União para o Judaísmo Reformista, a Conferência Central de Rabinos Americanos e o Centro para o Judaísmo Reformista num comunicado conjunto. "Nos dias, semanas e anos que se seguem, vamos trabalhar com nosso clero, líderes leigos, instituições e congregações para prestar assistência e apoio aos imigrantes, refugiados, requerentes de asilo e outros que procurem refúgio e oportunidade de uma vida melhor que nós sabemos que os Estados Unidos, no seu melhor, podem fornecer”, pode ler-se na declaração dos reformistas.
Também os conservadores deixaram uma nota condenando estes pressupostos contidos na ordem executiva: o governo deve “rejeitar propostas de políticas que interrompam, limitem ou restrinjam a instalação de refugiados nos Estados Unidos ou que deem prioridade a uns refugiados sobre outros (…) Mais importante, o movimento conservador rejeita por completo que essas pessoas sejam visadas com base na sua religião (…) Como judeus, vemos essa possibilidade como uma afronta aos nossos valores fundamentais”.
A União Ortodoxa fez eco destas preocupações numa declaração este domingo: "Instamos todos os americanos para que reafirmem que a discriminação contra qualquer grupo com base na sua religião é errada e constitui um anátema para as grandes tradições de liberdade religiosa e individual sobre as quais este país foi fundado (…) Exortamos o governo dos Estados Unidos a reconhecer as ameaças colocadas por radicais islâmicos, mas ao mesmo tempo que preserve e proteja os direitos de todas as pessoas que buscam a paz, independentemente da forma como adoram a Deus”.