Retirada do Líbano anunciada pela Síria "é insuficiente", dizem EUA
O Departamento de Estado norte-americano considerou hoje "insuficiente" o plano de retirada de tropas do Líbano anunciado pela Síria e lamentou "não ter ouvido as palavras "retirada imediata e completa", segundo o seu porta-voz, Adam Ereli.
"Como o presidente (norte-americano, George W.) Bush disse na sexta-feira, quando os Estados Unidos e a França falam de retirada, estão a falar de uma retirada completa e não de meias medidas", acrescentou o porta-voz, num comunicado divulgado em Washington.
"Não há nada de novo neste discurso, já ouvimos isto antes (Ó) O que não ouvimos foram as palavras +retirada imediata e completa+, que estão no centro da resolução 1559" do Conselho de Segurança da ONU.
O presidente sírio, Bachar al-Assad, anunciou hoje um plano de retirada das cerca de 15.000 tropas sírias estacionadas no Líbano, que prevê o seu deslocamento para o Vale de Bekaa, no leste do país, e daí para a fronteira com a Síria.
Bachar al-Assad não anunciou um calendário para esse plano, mas disse que "combinou com o presidente libanês, Émile Lahud, convocar uma reunião do Conselho Superior sírio-libanês" nos próximos dias, para discutir as modalidades da retirada das tropas.
Fonte oficial libanesa anunciou entretanto que um encontro entre os dois presidentes sobre a questão foi agendado, "em princípio", para segunda-feira, em Damasco.
No seu discurso, o presidente sírio também não fez qualquer referência aos serviços de informações sírios, cuja retirada do Líbano tem sido insistentemente exigida tanto pela França como pelos Estados Unidos.
A oposição libanesa acolheu favoravelmente este anúncio, mas alguns dirigentes afirmaram que queriam ouvir Bachar al-Assad dizer que as tropas serão retiradas "para lá da fronteira" sírio-libanesa e não "para a fronteira" entre os dois países.
Em resposta a estas dúvidas, a ministra para os Emigrados síria, Boussaina Chaaban, afirmou em declarações à televisão norte- americana CNN que a retirada é mesmo "para lá da fronteira".
"Absolutamente, as tropas vão ser deslocadas para o lado sírio da fronteira", declarou a ministra, convidada a explicitar as declarações feitas pelo presidente Bachar al-Assad.
Estas declarações não foram suficientes nem para os Estados Unidos, nem para Israel.
"O conjunto da comunidade internacional, alguns países árabes, e naturalmente Israel, exigem a aplicação completa da resolução 1559 da ONU que apela para uma retirada total de todas as forças sírias no Líbano", afirmou hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Sylvan Shalom.
"Só isso permitirá (a realização) de eleições livres e democráticas no Líbano e permitirá ao povo libanês escolher os seus representantes e estabelecer um Estado independente", acrescentou.