Reunião "determinante" do PC chinês arranca em Pequim
O Partido Comunista Chinês (PCC) deu hoje início a uma reunião descrita como determinante para o seu futuro, numa altura em que o secretário-geral da organização, Xi Jinping, se afirma como o líder chinês mais forte das últimas décadas.
Cerca de 400 altos quadros do maior partido político do mundo reúnem-se ao longo desta semana num hotel em Pequim para uma discussão em torno do funcionamento do PCC.
Segundo a agência noticiosa oficial chinesa Xinhua, as "diretrizes para a vida política" e as "regras de disciplina interna" do PCC serão os temas centrais da reunião.
A retórica da imprensa chinesa, em torno do sexto plenário do Comité Central do PCC, poderá esconder o que especialistas consideram uma luta pelo domínio político da segunda maior economia mundial.
"O plenário deste ano em torno da construção do partido é determinante para todo o projeto político de Xi e poderá muito bem revelar-se como o mais importante do seu primeiro mandato", afirmou Trey McArver, analista da Trusted Sources.
"Parece certo que ele será capaz de reforçar o seu poder sobre o partido", acrescentou.
Quatro anos depois de ter ascendido ao topo da hierarquia chinesa, Xi Jinping é considerado o mais forte líder que a China conheceu nas duas últimas décadas.
Formalmente, acumula já mais poder do que todos os anteriores Presidentes chineses, desde o fim do "reinado" do fundador da República Popular, Mao Zedong.
A sua campanha anticorrupção, lançada em 2013, é considerada a mais persistente e ampla na história da China comunista e resultou já na punição de um milhão de membros, segundo dados anunciados este fim de semana pelo órgão de Disciplina e Inspeção do PCC.
O partido único da China tem 88 milhões de membros.
Os dois casos mais mediáticos envolveram a prisão do antigo chefe da Segurança Zhou Yongkang e do ex-diretor do Comité Central do PCC e adjunto do antigo presidente Hu Jintao, Ling Jihua.
No braço político do exército, a Comissão Militar Central (CMC), que era considerada intocável até então, dois ex-vice-presidentes foram já investigados por corrupção: Guo Boxiong, que foi sentenciado com prisão perpétua, em julho passado, e Xu Caihou, que faleceu devido a um cancro, no ano passado, antes de ser julgado.
Mas a campanha poderá ter tido o efeito contrário ao pretendido - restabelecer a credibilidade do PCC -, segundo um editorial publicado na sexta-feira pelo site da `Qiu Shi` ("Procura pela Verdade"), um jornal fundado pela organização do partido em Jiangxi, província do sul.
A campanha serviu para disciplinar centenas de milhares de membros e, no processo, "expôs a profundidade e seriedade da corrupção dentro do partido", afirma o editorial.
Esta revelação "enfraquece os alicerces da governação do partido e a sua habilidade para governar", acrescenta.
Hu Xingdou, especialista em governação no Beijing Institute of Technology, afirmou à agência France Presse esperar que o plenário sirva para aprovar e reforçar medidas que tornem os membros do PCC mais responsáveis e transparentes.
"Espero que desta vez aprovem a declaração de bens", disse. "Só assim poderão conquistar o respeito de toda a nação", concluiu.