Revés para Bolsonaro. Prefeito do Rio de Janeiro detido por corrupção

Um imponente aparato policial deteve hoje em sua casa o autarca do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, como suspeito num caso de subornos pagos ao município em troca da assinatura de contratos e do perdão de dívidas. A detenção constitui mais um revés político para o presidente Jair Bolsonaro, que tinha apoiado a recandidatura de Crivella à prefeitura.

RTP /
Adriano Machado, Reuters

A detenção foi efectuada por quatro carrinhas da polícia, que se apresentaram na residência de Crivella às 6h da manhã, segundo relato do diário O Globo. Crivella encontra-se ainda em funções, mas viu a sua recandidatura derrotada por um anterior prefeito, Eduardo Paes, e portanto iria de qualquer modo ceder o cargo dentro de dias.

À chegada à sede da polícia, o prefeito cessante classificou a detenção como "perseguição política", alegando que a sua prefeitura foi "a que mais combateu a corrupção". Na mesma operação, a polícia deteve também, entretanto, Rafael Alves, um homem de negócios sem qualquer cargo formal na prefeitura mas considerado o braço direito de Crivella para a gestão municipal.

A investigação do caso de subornos foi desencadeada pelo acordo de delação premiada de um agente de câmbios, Sérgio Mizrahy, que no final de 2019 prestou declarações comprometedoras para Crivella.

Um outro caso que produziu celeuma foi o dos "guardiões de Crivella" - funcionários municipais que o prefeito mandara colocar à porta dos hospitais para silenciarem as queixas dos utentes a respeito dos deficientes cuidados de saúde que lhes são dispensados em tempo de pandemia.

O Estado do Rio de Janeiro, tal como a sua prefeitura, vem sendo abalado por sucessivos escândalos de corrupção. O último governador do Estado, Wilson Witzel, foi suspenso do cargo em agosto. E Sérgio Cabral, o anterior governador, está a cumprir pena por corrupção.

Crivella tem uma carreira política acidentada, tendo sido ministro das Pescas no Governo de Dilma Rousseff e tendo depois passado daí para o campo bolsonarista. Ele é também um fundamentalista religioso, bispo evangélico e sobrinho do polémico Edir Macedo, guru da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). Tem-se notabilizado por violentas declarações contra a comunidade gay e mesmo contra o Carnaval carioca. O apoio público de Bolsonaro à sua recandidatura não o impediu de sofrer uma humilhante derrota eleitoral.
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