Rios glaciares absorvem mais dióxido de carbono do que Amazónia

por RTP
Lucas Jackson/Reuters

Os rios glaciares do Ártico absorvem dióxido de carbono da atmosfera mais despressa do que a floresta Amazónica. É o que conclui uma investigação agora conhecida.

Até agora os investigadores consideravam que a maioria dos rios era uma fonte de emissão de carbono. Uma investigação da Proceedings of the National Academy, dos Estados Unidos, revela que as águas turvas e geladas do Ártico Canadiano absorvem mais depressa o dióxido de carbono do que a Amazónia.

A investigação consistiu na análise de amostras de água resultante do degelo dos glaciares da Ilha Ellesmere e das Montanhas Rochosas, no Canadá, e da Gronelândia.

Os cientistas explicam que ainda pouco se sabe sobre a água que derrete e o que acontece quando flui para os rios e os lagos.

Nos rios, a temperaturas ditas normais, há abundância de material orgânico e altos níveis de decomposição. Por isso, a taxa de emissão de dióxido de carbono é superior à taxa de absorção.

"As emissões de dióxido de carbono dos ecossistemas de água doce são quase universalmente associadas ao aumento do aquecimento climático", lê-se no estudo.

Já nos rios glaciares há menos condições propícias à vida animal e vegetal e, dessa forma, o nível de decomposição orgânica é inferior, assim como a produção e a emissão de carbono para a atmosfera.

Com o aquecimento global, os glaciares estão a derreter mais depressa do que se esperava. Quando os gelados glaciares derretem o silicato e o dióxido de carbono, ao fluírem em águas correntes, dão início à meteorização das rochas.

"À medida que os rios absorvem estas partículas, estas começam a misturar-se na água, onde também existem gases, incluindo o dióxido de carbono", disse a bióloga Kyra St. Pierre ao Guardian. "A mistura cria algumas reações e junta todas essas partículas diferentes. E daí resulta um líquido que absorve o dióxido de carbono".

Os investigadores descobriram ainda que esta meteorização química, com a remoção do dióxido de carbono da atmosfera, se estende ao longo de mais de 40 quilómetros das margens destes rios que consomem dióxido de carbono. Ou seja, durante períodos de acelerado degelo, a água dos rios glaciares absorve 40 vezes mais carbono do que a Amazónia.

"Numa escala de metros quadrados, estes rios podem consumir uma quantidade fenomenal de dióxido de carbono", explicou a cientista.

No entanto, considerando a extensa área da Amazónia, estas águas absorvem, em proporção, menos dióxido de carbono. Para os investigadores, este estudo veio indicar que o planeta pode ter forma de tentar equilibrar as emissões de carbono.
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