Rita de Almeida beatificada em Viseu, primeira beatificação na diocese

A fundadora do Instituto das Religiosas de Jesus Maria José, Rita Lopes de Almeida, foi hoje beatificada na Sé de Viseu, em cerimónia a que presidiu o cardeal José Saraiva Martins.

Agência LUSA /

O cardeal é o Prefeito da Congregação vaticana para a Causa dos Santos. Esta foi a primeira beatificação da história de Diocese de Viseu.

Rita Lopes de Almeida, de nome religioso Rita Amada de Jesus, nasceu em 5 de Março de 1848 em Casal Mendinho, da paróquia de Ribafeita, no concelho de Viseu.

Foi baptizada na Igreja Matriz de Ribafeita a 13 de Março de 1848 e faleceu no dia 7 de Janeiro de 1913, na sua terra natal.

No dia 24 de Setembro de 1880, Madre Rita fundou nesta mesma freguesia o primeiro Colégio, que seria a base do Instituto das Religiosas de Jesus Maria José.

As perseguições à Igreja forçaram a sair do país a sua congregação religiosa, que se instalou no Brasil, onde ainda hoje está sediada.

Na homilia da celebração, D. Saraiva Martins, também ele natural daquela região, sublinhou que a vida cristã "é essencialmente missionária e evangelizadora" e lembrou que Rita de Almeida viveu num período "extremamente difícil".

Nesse tempo, disse, "também entre nós a Igreja escreveu páginas de martírio e deu ao mundo testemunhos de altíssimo valor antropológico e religioso".

Rita de Almeida entrou no convento das Irmãs da Caridade, na cidade do Porto, em 1877, aos 29 anos.

Descobriu a sua vocação no trabalho de educação de crianças pobres e abandonadas e, apesar de enormes obstáculos de ordem política e de dificuldades económicas, fundou, a 24 de Setembro de 1880, em Gumiei, um colégio onde acolheu 50 meninas.

Sem recursos económicos, socorreu-se muitas vezes da ajuda recolhida nas aldeias vizinhas. Mas a principal dificuldade que teve de enfrentar foi a oposição persistente das autoridades civis, que não desistiam de combater a obra de Madre Rita.

No dia 10 de Maio de 1902, conseguiu do Papa Leão XIII a aprovação canónica do Instituto.

Com a implantação da República em 1910, Madre Rita teve de refugiar-se em Ribafeita. O clima de perseguição obrigou-a a enviar algumas irmãs para o Brasil, onde prosseguiram a sua obra.

A beatificação de Rita de Almeida esteve agendada para o dia 28 de Abril de 2004 e devia realizar-se em Roma, mas a morte de João Paulo II forçou ao adiamento da cerimónia.

Uma das mudanças introduzidas por Bento XVI estabelece que as cerimónias de beatificação passem a ser celebradas na Igreja local, o que, neste caso, implicou que a beatificação da religiosa portuguesa se fizesse na sua diocese de origem, Viseu.

A festa da beata passa a ser comemorada no dia 24 de Setembro.


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