Nigel Farage, entre as figuras de proa da campanha pela saída do Reino Unido da União Europeia, anunciou esta segunda-feira a demissão da liderança do seu partido, o nacionalista Ukip. O também eurodeputado afirma ter cumprido a sua missão e argumenta que nunca quis ser “um político de carreira”.
Farage declarou que “fez a sua parte” pelo país, por ter conseguido concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia em referendo.
"O meu objetivo ao entrar na política era tirar o Reino Unido da União Europeia. Não posso alcançar mais do que isso", salientou. Ainda assim, o ex-líder garante que o partido vai continuar a existir, e que deverá assumir a partir de agora o papel de travar a "fraqueza" do Governo britânico durante a negociação do Brexit.
Aquele que foi um dos principais rostos da campanha pelo Brexit afirma que o partido está numa “boa posição” para continuar a atrair eleitores e garante que não vai voltar atrás na demissão, como fez em maio de 2015, após as eleições legislativas no Reino Unido.
“Durante o referendo eu disse que queria o meu país de volta. Agora quero a minha vida de volta”, sublinhou o agora ex-líder do Ukip. O eurodeputado afirma que liderar o Ukip “foi por vezes duro”, mas “valeu a pena”.
Farage adianta que vai apoiar o próximo líder do partido, mas avisa que não irá fazer campanha por nenhum candidato. “Que ganhe o melhor homem ou mulher”, ditou.
O eurodeputado, que vai cumprir os dois anos restantes de mandato, destaca que irá acompanhar o processo de negociação do Brexit em Bruxelas "como um falcão”. E que o partido vai lutar contra qualquer campanha que pretenda reverter o resultado do referendo.
O líder demissionário manifestou ainda vontade de “ajudar os movimentos independentistas que estão a surgir noutros países da União Europeia”, por ter “a certeza” de que o Reino Unido não é “o único país que vai abandonar” o bloco.
Lamentos e emojis
A demissão de Farage provocou reações distintas dentro do próprio partido. O líder do Ukip no País de Gales emitiu uma nota na qual lamenta a decisão do eurodeputado.
“Nigel lutou pelo seu país vezes sem conta. Conquistou aquilo a que se propôs e não há muitos políticos que podem dizer isso (…) Durante anos a politica foi aborrecida e pouco atraente para milhões de pessoas e Nigel mudou isso: ele tornou a política relevante e deu uma voz às pessoas”, escreveu Nathan Gill.From all of us at UKIP Wales, we'd like to thank Nigel Farage for all his hard work over the years! #ThankYouNigel pic.twitter.com/J2eZqXWJoG
— UKIP Wales (@UKIPWales) July 4, 2016
Por sua vez, o único deputado do Ukip no parlamento britânico, Douglas Carswell, publicou no Twitter uma figura sorridente, em reação ao afastamento do líder. Apesar da tensão entre ambos, Carswell já avançou que não vai ser candidato ao lugar de Farage.
Nigel Farage tornou-se líder do Ukip em 2006 e manteve-se no cargo até 2009. Em 2010 voltou a ser eleito para a presidência do partido, onde se manteve até esta segunda-feira. Ocupa o lugar de deputado ao Parlamento Europeu desde 1999.😎
— Douglas Carswell MP (@DouglasCarswell) July 4, 2016
