Rússia demarca-se oficialmente do caso Flynn

por Graça Andrade Ramos - RTP
Michael Flynn, ex-conselheiro para a Segurança Nacional dos EUA, à chegada para a conferência de imprensa esta terça-feira, na qual apresentou a sua demissão. Carlos Barria - Reuters

A demissão do conselheiro para a Segurança Nacional dos Estados Unidos, Michael Flynn, menos de um mês depois de ter sido nomeado para o cargo, é "uma questão americana", reagiu esta terça-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

"É uma questão interna dos Estados Unidos, é uma questão interna da Administração do Presidente Trump. São questões que não nos dizem respeito", referiu Peskov em conferência de imprensa.

"Não desejamos comentar este caso de forma nenhuma", acrescentou.

Flyinn apresentou a demissão segunda-feira à noite, através de uma carta na qual reconheceu que "inadvertidamente enganou o vice-presidente eleito e outras pessoas com informações incompletas sobre as suas conversas telefónicas com o embaixador da Rússia", ainda no período de transição presidencial.

Baseado nas informações prestadas por Flynn, o vice-presidente, Mike Pence, garantiu que o assessor para a Segurança Nacional não tinha discutido com o enviado russo as sanções impostas por Obama à Federação Russa, por ingerência nas eleições presidenciais.

Na última semana, o Washington Post noticiou que Flynn tinha discutido as sanções com o diplomata russo. Um dirigente norte-americano disse à agência Associated Press (AP) que Flynn esteve em contacto frequente com o embaixador Sergey Kislyak no dia em que Barack Obama aprovou as sanções e posteriormente, durante a transição.
Golpe contra relações russo-americanas
O presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo, não teve dúvidas, ao contrário do Kremlin, em falar de "provocação".

"Esta situação," declarou Leonid Sloutski, "tem tudo de uma provocação".

"É um sinal negativo para o restabelecimento do diálogo russo-americano", acrescentou , frisando que as relações entre Moscovo e Washington estão no seu ponto mais baixo desde o final da Guerra Fria.

"Nestas circunstâncias, só se pode tirar uma conclusão: são as relações russo-americanas que foram visadas", declarou Sloutski, citado pela agência russa RIA Novosti.

Já o líder da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Conselho da Federação, a câmara alta do Parlamento, denunciou pressões sobre o Presidente Donald Trump.

"Ou Trump não encontrou a independência que procurava e estão a encosta-lo à parede, ou a nova Administração já está completamente atingida de russofobia de cima abaixo", afirmou Konstantin Kosachev à RIA Novosti.

Trump nomeou o tenente-general na reserva Keith Kellogg, que já foi chefe de gabinete do Conselho de Segurança Nacional, para substituir Flynn interinamente.

c/ agências
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