Rússia destruiu gerador de neutrões de central nuclear ucraniana

As forças russas bombardearam na noite de quinta-feira a maior central nuclear da Europa, no sul da Ucrânia, onde deflagrou um incêndio, que foi extinto pelos bombeiros. Esta segunda-feira, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi, disse que o ataque militar da Rússia à Central Nuclear de Zaporizhzhia levou à destruição de um gerador de neutrões.

Inês Moreira Santos - RTP /
Christian Bruna - EPA

Numa conferência de imprensa esta manhã, Rafael Grossi começou por garantir que a AIEA “continua a monitorizar a situação precária nas instalações nucleares da Ucrânia, emitindo atualizações regulares ao público através das redes sociais e do site da Agência”.

“As operações militares nas instalações de energia nuclear da Ucrânia causaram risco sem precedentes de um acidente nuclear, pondo em perigo a vida de pessoas que vivem na Ucrânia e em países vizinhos, incluindo a Rússia. Na semana passada, um projétil militar atingiu uma instalação na central nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia, causando um incêndio, mas sem libertar radiação”, recordou o diretor-geral da agência.

E, questionado pela imprensa presente sobre o que aconteceria se os mísseis russos atingissem um gerador, Grossi respondeu com naturalidade que “aparentemente foi destruído”.

Até agora sabia-se que as forças russas tinham atacado e alvejado massivamente as instalações, mas não se sabia se tinham feito danos específicos. Contudo, Grossi assegurou que não havia risco de a situação se tornar semelhante ao desastre de Chernobyl e que “a instalação do gerador tinha um stock muito pequeno”.

“Era uma instalação subterrânea para experiências científicas”, explicou acrescentando que a instalação era “relativamente nova, parte de uma operação entre os Estados Unidos e a Ucrânia, ainda da Administração de Obama”.

“Era um instituto científico”
, rematou.

Posteriormente, a comunicação social presente questionou se isso significava que a Rússia tinha atacado uma instalação protegida pelas regras de segurança da AIEA.

"Sim, quando há material nuclear", explicou, o que significa que o ataque da Rússia violou as regras de proteção internacional da AIEA.

Recorde-se que as forças russas controlam, desde sexta-feira, esta central assim como a aprovação das decisões técnicas tomadas pelos operadores ucranianos.

“Esta não é uma maneira segura de operar uma central nuclear. Também não é seguro ou sustentável que as comunicações internas e externas tenham sido interrompidas e cortadas, como nos foi relatado pelo operador e regulador ucraniano”, lamentou ainda Grossi. “Estou profundamente preocupado com esta situação”.
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