Rússia impede aviões de companhias europeias de aterrar em Moscovo

por Cristina Sambado - RTP
Governo de Alexander Lukashenko forçou um avião da Ryanair a fazer um desvio na rota prevista e a aterrar em Minsk Reuters

Foi um ato de retaliação contra a proibição de companhias aéreas bielorrussas entrarem em espaço aéreo europeu. A Rússia impediu dois voos – da Air France e da Austrian Airlines – de aterrar em Moscovo.

A companhia austríaca indicou que não tinha recebido autorização da Federação Russa para uma mudança de itinerário, destinada a evitar o espaço aéreo bielorrusso, enquanto a Air France evocou “razões operacionais ligadas ao contorno do espaço aéreo bielorrusso, necessitando de uma nova autorização das autoridades russas para entrar no seu território”.

Esta situação levou a que pelo menos quatro voos da Air France entre Paris e Moscovo fossem cancelados. Alguns passageiros viram as suas viagens ser remarcadas na transportadora russa Aeroflot.

Dois voos da Austrian Airlines foram também anulados – um avião de passageiros que viajavam de Viena para Moscovo e um avião de carga que fazia a ligação de Nanjing, na China, para a capital austríaca.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Áustria considera que a ação da Rússia é “absolutamente incompreensível”. A Rússia, uma forte aliada da Bielorrússia, manteve-se firme no apoio à ex-nação soviética e ao seu Governo.

O Ministério francês dos Transportes afirmou à agência de notícias AFP que “o princípio da reciprocidade deve ser respeitado.

Já o Ministério dos Transportes da Federação Russa disse à AFP que “não faria comentário de momento”, quando solicitado para tal pela agência noticiosa francesa.

Esta foi a primeira reação do Kremlin ao conflito diplomático entre a Bielorrússia e os países ocidentais. A Rússia ainda não confirmou se todos os voos terão a sua entrada negada se evitarem o espaço aéreo bielorrusso.

O site de rastreio Flightradar24 mostra pouca atividade nos céus da Bielorrússia, exceto para companhias áreas russas e bielorrussas.


Algumas companhias aéreas estão a evitar sobrevoar o espaço aéreo bielorrusso em protesto, depois de o Governo de Alexander Lukashenko ter forçado um avião da Ryanair a fazer um desvio na rota prevista e a aterrar em Minsk, no passado domingo.

A bordo do voo da Ryanair, que fazia a ligação entre Atenas e Vilnius, seguia Roman Protasevich, um dissidente bielorrusso que vive no exílio na Lituânia, e a sua namorada Sofia Sapega. Ambos foram detidos quando os passageiros desembarcaram do avião.

A Bielorrússia alegou que estava uma bomba feita pelo grupo palestiniano Hamas a bordo do voo FR4978 da Ryanair.

A União Europeia e o Reino Unido proibiram as companhias aéreas bielorrussas de sobrevoar os seus territórios e acrescentaram que estavam a ponderar a aplicação de mais sanções, inclusivamente contra o Presidente Alexander Lukashenko, que está no poder há 27 anos.

Segundo a Reuters, a proibição de sobrevoar o espaço aéreo europeu forçou a companhia bielorrussa Belavia a cancelar 12 das suas 30 rotas até 30 de outubro. As rotas afetadas são Amesterdão, Barcelona, Berlim, Bruxelas, Frankfurt, Hanôver, Kaliningrado. Milão, Munique, Roma, Viena e Varsóvia.

Com as companhias aéreas a deixarem de sobrevoar o espaço aéreo bielorrusso as receitas do país são afetadas. A utilização do espaço aéreo rende à Bielorrússia milhões de dólares por ano.
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