Rússia intensifica ataques após Ocidente prometer mais tanques à Ucrânia

por Inês Moreira Santos - RTP
Oleg Petrasyuk - EPA

Em retaliação pela decisão dos Estados Unidos e aliados ocidentais para fornecer mais armamento às forças ucranianas, incluindo tanques modernos, a Rússia intensificou os ataques. Na última noite, várias províncias da Ucrânia foram bombardeadas por drones russos, registando-se pelo menos 11 mortos. O presidente ucraniano pediu, por isso, ao Ocidente mais armas para o país se defender da ofensiva russa. Já o presidente russo afirmou, esta sexta-feira, que os Estados Unidos têm a chave para acabar com o conflito na Ucrânia, mas não a usam.

Um dia depois de a Alemanha, os EUA e outros países do Ocidente terem anunciado que decidiram, em coordenação, enviar mais armamento para a Ucrânia, incluindo carros blindados, a Rússia intensificou a ofensiva, tendo-se registado bombardeamentos em muitas regiões do país.

Segundo as autoridades ucranianas, estes bombardeamentos foram dos mais violentos desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. Os militares da Ucrânia, citados pela Reuters, confirmaram que intercetaram 47 dos 59 mísseis russos, lançados nas últimas 24 horas - feito que Zelensky atribuiu aos sistemas de defesa anti-aéreos fornecidos pelo Ocidente.

Volodymyr Zelensky pediu, na sequência destes novos ataques contra Kiev e outras cidades ucranianas, ao Ocidente mais armas.

"Este mal, esta agressão russa só pode e deve ser travada com armas adequadas", disse Zelensky aos ucranianos no seu discurso diário, através das redes sociais. "Armas no campo de batalha. Armas que protegem os nossos céus".



"Hoje, graças aos sistemas de defesa aérea fornecidos à Ucrânia e ao profissionalismo dos nossos militares, conseguimos abater a maioria dos mísseis russos ", disse, acrescentando que também foram abatidos drones de fabrico iraniano.

"Estas são pelo menos centenas de vidas salvas e dezenas de infraestruturas preservadas".

De acordo com Zelensky, as tropas ucranianas estão a sofrer um forte desgaste no leste do país.

"Precisamos de um novo movimento das nossas forças na frente de combate. Precisamos de assegurar a derrota das forças terrestres dos terroristas. Seja o que for que os ocupantes russos estejam a planear, a nossa preparação tem de ser mais forte", disse, admitindo que está "grato" pelo esforço de todas as unidades "que demonstram a resiliência de que a Ucrânia necessita, esgotando o ocupante e destruindo-o".

O chefe de Estado ucraniano assumiu estar ciente dos planos russos para futuras operações na Ucrânia e assegurou que está a trabalhar para contrariar as movimentações de Moscovo.
Moscovo diz que Washington tem a chave para acabar com o conflito
Na sexta-feira, a Rússia afirmou que o presidente dos EUA, Joe Biden, tem a chave para pôr termo ao conflito na Ucrânia, mas acusou Washington de, até agora, não estar disposto a usá-la.

"A chave para o regime de Kiev está em grande parte nas mãos de Washington", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, numa conferência de imprensa.

"Agora vemos que o atual líder da Casa Branca não quer usar essa chave. Pelo contrário, ele prefere o caminho de continuar a enviar armas para a Ucrânia".

Não é a primeira vez que as autoridades russas acusam os EUA de controlar a Ucrânia e de quererem prolongar o conflito ao fornecer apoio militar a Kiev.
Putin acusa "neonazis na Ucrânia" de crimes contra civis

Pelas comemorações do Dia Internacional das Vítimas do Holocausto, o presidente russo acusou os "neonazis na Ucrânia" de cometerem crimes contra civis, retórica que tem usado para justificar a ofensiva russa.

"Esquecer as lições da história leva à repetição de terríveis tragédias. A prova disso são os crimes contra civis, a limpeza étnica e as ações punitivas organizadas pelos neonazis na Ucrânia", denunciou Vladimir Putin em comunicado.

"É contra este mal que os nossos soldados lutam bravamente", acrescentou.

Para justificar a intervenção russa na Ucrânia, Putin tem denunciado repetidamente "o genocídio" das populações de língua russa do leste da Ucrânia e descrito o regime de Volodymyr Zelensky como "neonazi".

“Qualquer tentativa de revisar a contribuição do nosso país para a Grande Vitória [durante a Segunda Guerra Mundial] na verdade equivale a justificar os crimes do regime nazi, abrindo caminho para o renascimento da sua ideologia assassina”, acrescentou o presidente russo nas declarações desta sexta-feira, divulgadas pelo Kremlin.

Putin também lamentou "os milhões de mortos inocentes - judeus, representantes de outras nacionalidades - que foram baleados, torturados, que morreram de fome e doenças" durante o Holocausto.
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