Russos detidos na Polónia com propaganda do grupo Wagner

As autoridades da Polónia detiveram dois cidadãos russos por alegada “difusão de material de propaganda” do grupo mercenário Wagner em Varsóvia e Cracóvia, revelou esta segunda-feira o ministro polaco do Interior, Mariusz Kamiński. Os dois suspeitos estão acusados de espionagem.

Carlos Santos Neves - RTP /
Mercenários do grupo Wagner fotografados a 24 de junho deste ano nas proximidades do quartel-general do Distrito Militar do Sul, na cidade russa de Rostov-on-Don Reuters

As detenções dos dois cidadãos russos foram anunciadas na plataforma X, ex-Twitter. “Os dois foram acusados de espionagem e detidos”, lê-se na conta do ministro polaco do Interior.


De acordo com as secretas polacas, citadas pela agência France Presse, os russos agora sob custódia, identificados como Alexei T. e Andrei G., foram interpelados pelas autoridades após terem distribuído pelo menos 300 panfletos em locais públicos de Cracóvia e Varsóvia.O material de propaganda remetia para “sites de recrutamento” do grupo Wagner, indica a agência polaca de contra-espionagem.


“Os russos possuíam mais de três mil peças de propaganda a favor do grupo Wagner que lhes foram entregues em Moscovo”, detalha a Agência de Segurança Interna da Polónia.

Os detidos terão ainda recebido “mais de 500 mil rublos”, o equivalente a 4.500 euros, para levarem a cabo a distribuição da propaganda em solo polaco. Deveriam ter saído do país no passado sábado.

Na semana passada, a comunicação social polaca noticiou a presença, em Cracóvia e na capital, Varsóvia, de autocolantes com o logótipo do grupo Wagner, códigos QR a apontar para um portal do grupo de combatentes mercenários e uma inscrição em inglês: “Estamos aqui. Juntem-se a nós”.

O jornal polaco Gazeta Wyborcza adiantou que estes autocolantes foram denunciados à polícia por habitantes das duas maiores cidades do país.O Governo polaco prevê destacar até dez mil soldados para a fronteira oriental com a Bielorrússia, com um declarado objetivo de “dissuasão”.

Lituânia e Polónia têm advertido com regularidade os aliados da NATO para a possibilidade de combatentes do grupo Wagner fazerem passar-se por candidatos a asilo, procurando assim alcançar território da União Europeia.

O Ministério da Defesa do Reino Unido aventou no domingo que o grupo de Yevgueni Prigozjhin pode estar agora a ser financiado pelas autoridades bielorrussas. Londres refere que diferentes interesses deste oligarca têm sido aparentemente visados pelo Kremlin desde o motim de junho, quando os mercenários abandonaram as suas posições na Ucrânia e avançaram por território russo.

“Se o Estado russo já não paga à Wagner, os segundos financiadores mais plausíveis são as autoridades bielorrussas”, admitiu o Ministério britânico da Defesa, para acrescentar que o grupo parece estar a reduzir a sua dimensão, numa tentativa de poupar em salários.

c/ agências
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