Scotland Yard interroga Hamdi Isaac em Londres
Dois agentes da Scotland Yard estão hoje na prisão Regina Coeli, em Roma, a interrogar o etíope Hamdi Isaac, um dos presumíveis autores dos atentados fracassados de 21 de Julho em Londres, noticiou a agência italiana Ansa.
Na prisão encontra-se também o juiz italiano Domenico Miceli, do Tribunal de Recurso de Roma, a quem compete dirigir o interrogatório e colocar as questões preparadas pela polícia britânica através de uma rogatória internacional.
A advogada oficiosa do etíope, Antonietra Sonnessa, declarou à imprensa antes de entrar na penitenciária que vai decidir a estratégia da defesa de Hamdi Isaac "com base nos elementos que eventualmente possa obter das autoridades britânicas".
Hamdi Isaac, que no Reino Unido utilizava documentos com o nome de Osman Hussain, foi detido em Roma a 29 de Julho depois de as autoridades britânicas advertirem as italianas da presença do suspeito em Itália.
O etíope é considerado responsável pelo atentado de 21 de Julho na estação do metropolitano londrino de Shepherd+s Bush que, como o resto das acções perpetradas nesse dia, não causou vítimas porque apenas explodiu o detonador.
Até ao momento, o acusado, de 27 anos, apenas declarou que a acção era um protesto pela situação do Iraque e pelo tratamento dado aos muçulmanos de Londres depois dos atentados de 07 de Julho.
As autoridades britânicas já pediram a extradição de Hamdi Isaac, um pedido que vai ser avaliado na audiência marcada pelo juiz Miceli para 17 de Agosto.
Entretanto, o clérigo radical Omar Bakri, que saiu do Reino Unido após os atentados por recear ser alvo das novas medidas anti- terroristas, afirmou hoje à cadeia britânica BBC que tenciona regressar ao país dentro de quatro semanas, a menos que o governo britânico lhe diga que não é bem-vindo.
"A minha família está no Reino Unido", explicou.
Bakri, líder espiritual do grupo radical al-Muhajirun - que as autoridades britânicas querem proibir -, viajou para o Líbano no sábado, um dia depois de o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, anunciar um conjunto de novas medidas para fazer face à actual ameaça terrorista.
Entre elas, a possibilidade de as autoridades virem a acusar de traição os líderes espirituais que alimentam ou elogiam o terrorismo.
Omar Bakri, de origem síria, obteve a nacionalidade libanesa na década de 1980, segundo fonte da segurança do Líbano citada pela agência noticiosa France Presse. Por essa razão, e por não ser procurado pela justiça, pode entrar no país normalmente, pelo aeroporto internacional.
"Creio que não terei problemas ao regressar ao Reino Unido", disse o clérigo, de 47 anos.
Bakri negou, por outro lado, ter apelidado os presumíveis autores dos atentados de Londres de "Quarteto Fantástico", uma alusão a um filme actualmente em cartaz ("Fantastic Four"), como chegaram a noticiar alguns meios de comunicação social britânicos.
"Nunca falei dos atentados de Londres. O Quarteto Fantástico é um filme, não tem nada a ver com os ataques. Nunca falei dos ataques a não ser para condenar a morte de pessoas inocentes", disse.
Nos ataques perpetrados a 07 de Julho, que atingiram três estações do metropolitano de Londres e um autocarro, morreram 56 pessoas e cerca de 700 ficaram feridas.
Duas semanas depois, a 21 de Julho, uma nova série de ataques acabou frustrada porque apenas explodiram os detonadores, originando explosões de fraca potência que não fizeram vítimas.