Seis mortos desde o início das manifestações contra lei da nacionalidade na Índia

por Lusa
Reuters

Seis pessoas morreram desde o início das manifestações no nordeste da Índia contra a lei que facilita a obtenção de nacionalidade indiana por refugiados desde que não sejam muçulmanos, segundo um novo balanço divulgado pelas autoridades.

Em certas zonas a Internet foi cortada e foi imposto um recolher obrigatório para tentar acabar com a contestação, mas cerca de 5.000 pessoas já estão a manifestar-se na maior cidade do estado de Assam, Guwahati.

A nova lei facilita a atribuição da cidadania indiana a refugiados do Afeganistão, Bangladesh e do Paquistão, com a condição de que não sejam muçulmanos.

A alteração modifica a Lei da Cidadania de 1955 para permitir que imigrantes hindus, sikh, budistas, jainistas, parses e cristãos originários do Afeganistão, Bangladesh e Paquistão que tenham ido para o país antes de 2015, possam obter a cidadania indiana.

Em Assam, quatro pessoas morreram no hospital depois de terem sido atingidas por balas disparadas pela polícia, anunciaram as autoridades. Outra pessoa morreu numa tenda, que foi incendiada e uma sexta foi espancada até à morte durante uma manifestação, segundo as mesmas fontes.

A circulação de comboios foi suspenda em algumas zonas do estado de Bengala Ocidental devido à violência, depois de manifestantes terem incendiado comboios e carros.

O ministro do Interior indiano, Amit Shah, voltou hoje a apelar à calma, referindo que as culturas locais dos estados do nordeste não estão ameaçadas devido ao receios de que fluxo de imigrantes do Bangladesh.

"A cultura, a língua, a identidade social e os direitos políticos dos nossos irmãos e irmãs do nordeste irão continuar", afirmou o ministro durante uma reunião no estado de Jharkhand, segundo a cadeia de televisão News18.

A oposição e organizações de defesa dos direitos humanos consideram que esta lei faz parte do programa nacionalista do primeiro-ministro Narenda Modi com o objetivo de marginalizar os cerca de 200 milhões de indianos muçulmanos.

Na sexta-feira, o Governo do Japão anunciou o adiamento da viagem à Índia do primeiro-ministro, Shinzo Abe, devido à intensificação dos protestos em alguns pontos do país que previa visitar.

O primeiro-ministro português, António Costa, desloca-se a Nova Deli na próxima quinta-feira, numa curta visita que inclui um encontro de trabalho com o chefe do Governo da Índia, Narendra Modi, tendo em vista o aprofundamento das relações bilaterais.

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