Senado adota à justa a lei orçamental de Trump

O Senado acaba de adotar numa votação apertada o mega projeto de Trump para as contas americanas. O orçamento a que o presidente Donald Trump chama de “lei muito bonita” passou à tangente e apenas com o voto do seu vice, JD Vance, a desempatar a câmara.

RTP /
Foto: Andrew Harnik - Getty Images via AFP

Com um empate de 50 senadores de cada lado, seria o vice-presidente a resolver a votação. Foram mais de 24 horas de debate para negociar as emendas ao mega projeto, com quatro republicanos a dizer que não apoiavam a legislação de quase 1.000 páginas tal como foi apresentada.

Trata-se para já de uma vitória significativa para o presidente, mas o projeto vai agora baixar à Câmara dos Representantes para nova votação, com Trump a forçar o carimbo imediato para promulgar a lei no 4 de Julho, dia da independência dos Estados Unidos. É um prazo ambicioso, já que os republicanos controlam a câmara por escassos votos.

Para já, nesta terça-feira a questão foi dirimida no limite, apesar de Trump ter ali uma maioria republicana de 53 deputados em 100. Após o empate 50-50, foi o vice-presidente JD Vance quem teve a responsabilidade de dar o último 'a favor', como estabelece a Constituição.

Os analistas apontam para um crescimento da dívida americana na ordem dos 3,3 triliões de dólares na próxima década, fruto deste projeto que contempla por um lado enormes créditos fiscais e por outro vastos cortes na saúde.

O gabinete que avalia o impacto dos projetos orçamentais no Senado estima que esta lei faça crescer a dívida em mais de 3.000 mil milhões de dólares até 2034. Entram aqui os “créditos fiscais Trump” com custos só por si de 4.500 mil milhões.

Para a compensar parcialmente, os republicanos preveem, entre outras medidas, cortar no Medicaid, programa público de seguro de saúde do qual dependem milhões de americanos, aqueles com rendimentos modestos e que não têm acesso a seguros.

Haverá também uma redução drástica do programa Snap, principal ajuda alimentar do país, bem como a eliminação de muitos incentivos fiscais a energias renováveis adotados sob a Administração Biden.
Trump acredita em maior facilidade na câmara baixaO presidente já disse esta terça-feira, depois da vitória no Senado, que o projeto terá “mais facilidade” em passar na votação final da Câmara dos Representantes: “É um grande projeto de lei. Tem algo para toda a gente e penso que vai correr muito bem na Câmara (dos Representantes). De facto, penso que será mais fácil na Câmara (dos Representantes) do que no Senado”.

Trump manifestou esta confiança logo após o Senado ter aprovado o texto, durante uma visita a um novo centro de detenção para migrantes no Estado da Florida.

Questionado sobre a provável perda do acesso ao Medicaid de 11,8 milhões de pessoas, Trump disse apenas que seria “um número muito menor”.

Trump recupera agora neste projeto de orçamento vários items da sua primeira passagem pela Presidência, como a prorrogação das deduções fiscais, envolvendo um corte desse bilião de dólares no financiamento do Medicaid e no SNAP.

“A Segurança Social, vamos geri-la sem falhas, o Medicare e o Medicaid, vamos salvá-los (..) os democratas destruiriam o Medicare e o Medicaid, e isso porque os seus números não funcionam”, atirou o presidente americano em defesa da sua proposta.

Apesar dos pedidos do presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, para que os senadores não se afastassem muito das ideias iniciais do projeto, algumas alterações foram implementadas, nomeadamente no Medicaid.

Mike Johnson escreveu entretanto na rede social X que “a Câmara trabalhará rapidamente para aprovar o projeto de lei 'One Big Beautiful Bill' que promulga toda a agenda 'America First' do Presidente Trump até ao dia 04 de julho".

“Este projeto de lei é a agenda do Presidente Trump, e nós estamos a torná-la lei. Os Republicanos da Câmara (dos Representantes) estão prontos para terminar o trabalho e colocar a 'One Big Beautiful Bill' na secretária do Presidente Trump a tempo do Dia da Independência".

c/ agências
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