Senado dos EUA quer limitar poder de decisão de Trump quanto ao Irão

por RTP
A proposta, da autoria do senador democrata Tim Kaine, teve 55 votos a favor e 45 contra Foto: Jonathan Ernst - Reuters

O Senado norte-americano aprovou esta quinta-feira uma proposta que pretende limitar a autoridade de Donald Trump no que diz respeito ao lançamento de operações militares contra o Irão. Oito republicanos apoiaram a medida, que obteve um total de 55 votos a favor e 45 contra.

A proposta, da autoria do senador democrata Tim Kaine, determina que o presidente dos Estados Unidos passa a necessitar da aprovação do Congresso antes de poder iniciar ações militares contra Teerão.

Kaine deixou claro que a proposta não representa um ataque contra Donald Trump ou contra a presidência, sendo em vez disso uma importante reafirmação do poder do Congresso no que toca a declarar guerra.

“Apesar de Trump e outros presidentes deverem sempre ter a capacidade de defender os Estados Unidos de ataques iminentes, o poder executivo de iniciar guerras termina aí”, explicou o democrata. “Uma guerra ofensiva requer um debate e uma votação no Congresso”.

A proposta aprovada no Senado terá ainda de passar pela Câmara dos Representantes, de maioria democrata, o que poderá acontecer já no final deste mês. No entanto, é expectável que Donald Trump exerça o seu poder de veto caso veja a medida aprovada.
“Sinal de fraqueza”
O presidente norte-americano já defendeu que a aplicação desta medida seria vista pelo Irão e outros adversários como um sinal de fraqueza, algo que o autor da proposta negou. “Quando impomos leis (…) que são necessárias para que se tomem boas decisões, essa é uma mensagem de força”, contrapôs.

“Se vamos enviar para a guerra os nossos jovens homens e mulheres para arriscarem as próprias vidas, isso deve ser feito com base em deliberações cuidadosas por parte de legisladores eleitos pelo povo e não com base na ordem de uma única pessoa”, clarificou Kaine.

Até alguns dos membros republicanos do Senado apoiaram esta proposta. O senador Mike Lee foi um deles, tendo defendido que o Congresso não pode escapar à responsabilidade constitucional de agir em matérias de guerra e paz.

No Twitter, Donald Trump tinha referido na quarta-feira a importância de votar contra a proposta de Kaine para garantir a segurança nacional, dando como exemplo a morte do general iraniano Qassem Soleimani, que o Presidente mandou abater no início deste ano.


“Estamos a lidar muito bem com o Irão e este não é o momento de mostrar fraqueza. Os americanos apoiam imensamente o nosso ataque contra o terrorista Soleimani”, escreveu. “Se as minhas mãos estiverem atadas, os iranianos passam a ter uma oportunidade de ser bem-sucedidos”.

Para Trump, a aprovação da proposta “enviaria um muito mau sinal”. “Os democratas apenas estão a fazer isto para tentar envergonhar o Partido Republicano. Não deixem que isso aconteça!”, apelou o líder dos Estados Unidos.
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