Senado norte-americano admite torturas "brutais" da CIA

Segundo relatório hoje publicado, "os métodos de interrogatório da CIA foram brutais e muito piores do que os serviços secretos revelaram aos políticos e ao público".

RTP /
Dianne Feinstein, ao apresentar o relatório Reuters

O relatório refere-se aos anos 2002 a 2008, anos do mandato de George W. Bush. A presidente da comissão senatorial para os Serviços Secretos, Dianne Feinstein, explicou que "o relatório hoje publicado analisa a prisão secreta pela CIA, de 119 indivíduos, no estrangeiro, e a utilização de métodos de interrogatório coercivo, que em alguns casos configuram tortura".

Aí se constata que a tortura de privação do sono chegou a atingir 180 horas - ou seja, mais de uma semana. Pelo menos cinco das pessoas torturadas sofreram alucinações e loucura temporária, o que não impediu a CIA de persistir na utilização desse método.

Pelo menos em três dos casos investigados, os torcionários da CIA ameaçaram as pessoas interrogadas de exercer violências contra as suas famílias ou de violar as suas mulheres. A um dos presos foi dito que "havemos de cortar as goelas à tua mãe".

Além disso, e ainda segundo o relatório, esses métodos apenas conduziam a êxitos ilusórios: "Muitas vezes, os prisioneiros faziam sob tortura confissões falsas ou davam informações falsas, que conduziram a alertas antiterroristas injustificados".

Outra crítica gravosa que se dirige à CIA é que a sua direcção "não informou a Comissão dos Serviços Secretos do Senado sobre os métodos de interrogatório". Além disso, "a CIA não reagiu aos pedidos de informação adicional do então presidente da Comissão, Bob Graham".

E a desinformação não consistiu apenas em omissões e silêncios: "A CIA forneceu à Casa Branca e ao Conselho Nacional de Segurança, em larga escala, informações inexactas e incompletas sobre o programa de prisioneiros e interrogatórios". E, nomeadamente, a CIA não informou nem o presidente nem o vice-presidente sobre onde se encontram os campos de prisioneiros".
PUB