Senegal alega que visitou país com objetivo "estritamente humanitário"
O Governo do Senegal especificou hoje que visitou a Guiné-Bissau no domingo com um objetivo "estritamente humanitário" e visava convencer as autoridades a libertar os "prisioneiros políticos", segundo uma nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Senegal, Cheikh Niang, visitou Bissau no domingo, onde se encontrou com as autoridades militares, com um objetivo "estritamente humanitário" que visava, nomeadamente, "convencer as autoridades militares no poder a proceder à libertação dos prisioneiros políticos, como Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e antigo presidente da Assembleia Nacional Popular", lê-se no comunicado.
Adicionalmente, pretendia-se também permitir que Fernando Dias Da Costa, candidato presidencial, bem como os seus companheiros, refugiados na Embaixada da Nigéria em Bissau, "pudessem abandonar aquele local de proteção em total segurança", segundo a nota de imprensa publicada no `site` do Governo senegalês.
A delegação senegalesa visitou o local de detenção de Simões Pereira e a embaixada nigeriana em Bissau, acrescentou o executivo.
Por outro lado, Dacar reiterou estar disponível para ser mediador da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) e contribuir para o regresso à normalidade constitucional da Guiné-Bissau, que sofreu um golpe de Estado militar há um mês.
"O Senegal mantém-se disposto a assumir plenamente o seu papel no seio do Conselho de Mediação e Segurança (CMS) da CEDEAO, de modo a contribuir eficazmente para a implementação das decisões da cimeira [de 14 de dezembro], com vista ao regresso à ordem constitucional na Guiné-Bissau", acrescentou na nota.
A organização africana, reunida a 14 de dezembro em Abuja, na Nigéria, ameaçou impor sanções específicas a todos os indivíduos ou grupos de pessoas que obstruam o retorno à ordem constitucional em Bissau por meio de um processo inclusivo.
No dia seguinte, o primeiro-ministro do Governo de transição na Guiné-Bissau, Ilídio Vieira Té, afirmou que "ninguém tem medo das sanções" anunciados pela CEDEAO e admitiu cooperação com a organização.
O Senegal não condenou o golpe militar de 26 de novembro e, como reconheceu domingo o ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de transição na Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, "é também o primeiro país a visitar as novas autoridades" em Bissau.
A visita do chefe da diplomacia senegalesa à Guiné-Bissau aconteceu na véspera da chegada ao país de uma missão dos chefes militares da Costa do Marfim, do Gana, da Nigéria e do Senegal.
Durante três dias, os chefes militares vão conversar com os autores do golpe de Estado para a implementação das resoluções da última cimeira de líderes da CEDEAO.
A organização pretende ver reduzido o período da transição fixado em 12 meses pelos militares, formado um Governo civil e libertados os políticos detidos.
A Guiné-Bissau está suspensa da CEDEAO, assim como da União Africana, devido ao golpe de Estado, quando um Alto Comando Militar tomou o poder, destituiu o Presidente Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país, e suspendeu o processo eleitoral.
A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) também suspendeu a Guiné-Bissau e transferiu a presidência rotativa da comunidade para Timor-Leste.
As eleições gerais, presidenciais e legislativas, tinham decorrido sem incidentes, mas na véspera da divulgação dos resultados oficiais, um tiroteio em Bissau antecedeu a tomada do poder pelo Alto Comando Militar, que nomeou o Presidente de transição, o general Horta Inta-A.
O general anunciou que o período de transição terá a duração máxima de um ano e nomeou como primeiro-ministro e ministro das Finanças Ilídio Vieira Té, antigo ministro de Embaló. Um novo Governo de transição foi, entretanto, empossado, com nomes do executivo deposto e cinco militares entre os 23 ministros e cinco secretários de Estado.