Sensores de balão chinês recuperados do Atlântico

Os sensores do primeiro balão chinês abatido a 4 de fevereiro sobre águas territoriais norte-americanas foram recuperados do Atlântico. O FBI está a escrutinar os destroços, mas Washington afirma desde já que o dirigível possuía ferramentas para recolher comunicações eletrónicas.

Carla Quirino - RTP /
U.S. Fleet Forces Command

O Comando Norte da marinha dos Estados Unidos confirma ter encontrado "destroços significativos no local, incluindo todos os sensores prioritários e peças eletrónicas identificadas".

Acrescentou que foram também recuperadas "grandes secções da estrutura", na costa da Carolina do Sul.

Entre as peças resgatadas está um fragmento de nove a 12 metros que corresponde à antena do balão, ou parte dela.

Os investigadores acreditam que a maior parte dos componentes eletrónicos continua espalhada no fundo do oceano, observou o FBI.


Crédito: U.S. Fleet Forces Command

A Administração Biden decreveu o aparelho que atravessou os Estados Unidos na semana passada: o balão tinha 60 metros de altura e uma carga útil do tamanho de um jato regional; faria parte de uma frota de vigilância intercontinental organizada por militares da China.

Foi também explicado que os militares dos EUA enviaram aviões espiões U-2 do período da Guerra Fria para rastrear e estudar o balão antes do caça o abater sobre o Oceano Atlântico, no sábado.

A aviação norte-americana tirou fotografias do balão enquanto este ainda estava no ar.

O equipamento visível, que incluía antenas, “era claramente para vigilância de inteligência e inconsistente com o equipamento a bordo dos balões meteorológicos”, conferiu o Departamento de Estado. Esta argumentação contesta a afirmação do Governo chinês de que o balão era uma máquina meteorológica civil e que se tinha desviado do curso.
Mais três
Desde o dia 4 de fevereiro e o abate do primeiro dirigível, houve pelo menos mais três incidentes.

As autoridades sublinharam que os objetos não identificados movem-se lentamente e são todos menores do que o primeiro balão, dificultando a deteção dos pilotos dos caça.

De acordo com o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, os três dirigíveis foram derrubados "com muita cautela", esclareceu numa conferência de imprensa, na segunda-feira. "Como não conseguimos avaliar definitivamente o que são estes objetos mais recentes, agimos com muita cautela", frisou.

Os três objetos, incluindo um abatido no domingo sobre o Lago Huron, no Estado do Michigan, estavam a viajar a uma altitude tão baixa – 12 mil metros - que representavam um risco para o tráfego aéreo civil, sublinhou o porta-voz.

Os balões não representavam "nenhuma ameaça direta para as pessoas no solo", mas foram destruídos "para proteger nossa segurança, nossos interesses e segurança de voo", afirmou Kirby.


Crédito : U.S. Fleet Forces Command

Se o primeiro balão abatido foi descrito como sendo do tamanho de três autocarros, o segundo apresentava a dimensão de um “carro pequeno” e foi derrubado sobre o Alasca. O terceiro objeto, sobre o Yukon, era "cilíndrico" e o quarto, sobre Michigan, tinha forma "octogonal" com cordas presas.

O Pentágono acrescentou que o objeto voador abatido sobre Yukon parecia ser um "pequeno balão metálico com uma carga amarrada abaixo dele".

A procura dos destroços do dirigível caído em Yukon está a ser apoiada pela polícia federal do Canadá que explicou a dificuldade - a área de busca no território de Yukon tem cerca de três mil quilómetros quadrados e inclui "terreno montanhoso acidentado com um nível muito alto de neve".

O major-general das Forças Armadas do Canadá Paul Prévost descreveu que os três últimos objetos abatidos pareciam ser máquinas "mais leves que o ar" e classificou o balão do Lago Huron como "suspeito".
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